Aqui rondamos a figueira brava
Figueira brava, figueira brava
Aqui rondamos a figueira brava
Às cinco horas da madrugada.
— T.S. Eliot, “Os Homens Ocos”
Lutamos para manter os sonhos vivos.
Os sonhos surgem com mais facilidade quando somos jovens. Antes de nos ensinarem como é o “mundo real”, vivemos num estado de graça, acreditando que tudo é possível. Enquanto crianças, nós vivemos em um mundo de infinitas possibilidades. Como piratas ou astronautas, bailarinas ou ninjas, nós transformamos caixas de papelão em naves espaciais, quintais em ilhas desertas e casas nas árvores em fortes. Mundos fantásticos estão ao nosso alcance e criaturas fantásticas, como fadas, dragões e monstros, parecem estar ali sempre ao lado. Podemos ir para qualquer lugar... Fazer qualquer coisa... Ser qualquer um.
Mas em algum ponto durante o caminho, nós perdemos o entusiasmo. Paramos de brincar e começamos somente a viver. A vida se torna apenas uma questão de como se manter vivo e nossos ideais são substituídos pela realidade. Nós procuramos um bom trabalho das 9hs às 17hs, viver em casas tranquilas e nos drogamos na frente de TVs, computadores e celulares. O mundo da imaginação é posto de lado conforme nossa vida se torna mais banal. De forma implacável, nossa paixão pela vida se desfaz em contentar-se com a segurança que temos ou endurece na forma de amargura pelos erros cometidos.
A situação fica pior se você desistir. Entregar sua alma ao mundano é mais fácil quando você vê as pessoas ao seu redor se entregando também. Seus amigos envelhecem e se acomodam, sua paixão por viagens é substituída por uma coleção de dvds e um plano de saúde, sua energia é substituída por uma falsa segurança, e a necessidade de uma boa noite de sono se torna a força que move sua existência. Ao seu redor, as pessoas se entregam ao mundo “real”. A Banalidade da existência se torna uma força tangível, te prendendo como uma teia de aranha.
Os Sonhadores são aqueles que têm a força de vontade para resistir. Eles lutam para manter a centelha que tiveram na infância viva, mantendo a crença de que tudo é possível. No mundo de Changeling, o poder do faz-de-conta, da criatividade infantil, é real. Ele existe como uma manifestação da criação sem limites. O Glamour é o oposto da força da Banalidade. A Banalidade ameaça nos pressionar mais e mais conforme envelhecemos. A vida de um Kithain é viver tentando manter vivo seu sonho apesar da força crescente da Banalidade esmagadora de almas que o ataca.