Tendo perambulado pelos confins remotos da Terra e do Sonhar desde a aurora dos tempos, os Elegbara se depararam com uma enorme quantidade de relíquias místicas e artefatos mágicos. Nos tempos modernos, muitos Elegbara fazem questão de procurar tais itens por todo o mundo, embora se eles o fazem por ganância, altruísmo ou simples curiosidade seja uma questão deixada a critério de cada um. Embora os considerem atrativos, grande parte dos Escolhidos considera que a maioria dos Tesouros é mais um fardo do que uma bênção, a menos que a sua magia seja particularmente poderosa ou útil. O modo de vida errante da Tribo acaba fazendo com que alguns Tesouros sejam deixados para trás quando o Exu tem de partir de repente em uma noite, e quem gostaria de entregar a um estranho total (ou pior ainda, a um inimigo jurado) algo tão valioso?
Os tesouros que os Elegbaras consideram mais úteis apresentam muitas das características dos seus donos: robustez, versatilidade e adaptabilidade. Estes são apenas alguns desses itens.
Às vezes, não são as grandes coisas que fazem diferença. Estas sandálias podem até ser um Tesouro, mas não algo que chame a atenção. No entanto, para uma raça errante como os Elegbara elas são um tipo de item muito procurado. Nunca se desgastam ou necessitam de reparos. São confortáveis e mantêm os pés daqueles que as usam quentes e secos, independentemente do clima, e oferecem um pouco de energia ao seu usuário enquanto ele caminha ou corre. Todos os testes de Esportes ou relacionados são feitos com uma dificuldade de -1, e o usuário pode andar ou correr cerca do dobro do tempo normal antes de fazer um teste de Vigor. Além disso, qualquer truque como Amarelinha ou Azougue lançados enquanto o personagem está usando as Sandálias recebem um sucesso adicional (desde que pelo menos um sucesso tenha sido obtido normalmente). Se combinadas com a Qualidade Fôlego Longo, elas não oferecem nenhum tempo adicional para os testes de Vigor, mas continuam gerando o restante de seus benefícios.
Embora ainda sejam frequentemente encontradas na forma de sandálias tradicionais, já foram observadas variações em diferentes regiões: botas, tênis, chinelos e até mesmo anéis para os dedos dos pés. A maioria se adapta ao voile de seu usuário após pouco tempo de uso, até que elas se fundem anonimamente com a aparência do usuário.
Este tesouro prático vem sempre numa pequena bolsa de couro com aspecto gasto, ornamentada com um símbolo antigo que significa “trilha”. No interior há uma pequena quantidade do que parece ser poeira ou areia comum, do tipo apropriado para a região que o personagem está viajando atualmente. No entanto quando ativada com um ponto de Glamour, e polvilhada sobre os pés descalços, o personagem adquire imediatamente um conhecimento geográfico e direcional detalhado da área ao seu redor, semelhante ao que um nativo com o dobro da idade do personagem teria. Assim, se usado numa cidade, o Exu saberia os nomes e números de todas as casas ao redor, onde se encontra a delegacia de polícia ou o restaurante chinês mais próximo, que ruas o levam para onde e quais as melhores rotas para evitar o tráfego. Se usado no campo, o Exu conheceria rochas e árvores, sem falar de caminhos antigos, trilhas cobertas, lagos escondidos e assim por diante. A poeira aumenta o sentido natural de direção do Elegbara por um curto período de tempo, permitindo que ele possa identificar rotas e locais específicos em vez de confiar no sentido de direção mais vago que normalmente possui. Note que toda a informação obtida deve ser essencialmente sobre localização ou direção. Um personagem que usa a Poeira da Estrada pode aprender todos os números de casas em uma rua, por exemplo, mas não quem vive nelas, e uma busca por restaurantes iria descobrir como chegar a todos aqueles dentro do alcance, mas não revelar nada sobre qual possui a melhor cozinha.
A Poeira da Estrada só pode ser usada uma vez por dia, e seus efeitos duram até 4 horas e abrangem aproximadamente um raio de 8 quilômetros ao redor do personagem. Após sete usos, o saco se esvazia e o personagem deve recarregá-lo gastando pelo menos 1 hora recolhendo um punhado de pó fresco e fazendo orações aos orixás, depois dormindo com ele debaixo do travesseiro por uma semana inteira. A Poeira da Estrada não tem efeito no Sonhar, embora haja rumores de que existem bolsas de Poeira de Prata que imitam os efeitos deste tesouro além da Terra. Somente os Exus e obas que ainda não reclamaram um território podem usar este tesouro; para todos os outros changelings, inclusive os Aithu, é simplesmente poeira comum.
Uma arma tradicional dos Elegbaras, uma opa é semelhante em muitos aspectos a um cajado ocidental, embora muitas sejam intrincadamente esculpidas e adornadas com um número de amuletos da sorte e outras lembranças que seus donos apanharam ao longo do caminho. A maioria das opas são endurecidas pelo uso do fogo ou por truques e são efetivamente tão duras quanto o metal, podendo ser usadas em combate corpo a corpo contra armas de corte sem medo de se quebrar. Os Elegbaras as valorizam por sua beleza elegante e utilidade simples. Além disso, uma vez que um cajado raramente é classificado como uma arma restrita pelos Kithain ou autoridades mortais, isso lhes garante uma forma de proteção que pode ser transportada legalmente para praticamente qualquer lugar do mundo. Entretanto, não se iluda, um lutador bem treinado com um cajado é incrivelmente perigoso, muitas vezes mais do que um espadachim, os adversários que subestimam um inimigo Elegbara raramente têm a chance de fazê-lo duas vezes.
Opas Abençoadas são armas que não são apenas lindamente trabalhadas, mas também imbuídas de um ou dois efeitos mágicos, da mesma forma que qualquer Tesouro regular na forma de uma arma. A maioria tem nomes honrados relacionados aos seus poderes - por exemplo, “Serpente de Fogo” e “Dançarina do Vento” - e foram transmitidas através de famílias ou entre mentores e estudantes durante gerações. Não são poucas as que possuem lendas respeitáveis sobre si, além daquelas que são contadas sobre o seu portador!
Na verdade mais uma Propriedade Livre em movimento do que um verdadeiro tesouro, o Círculo de Scherezade tende a ir e vir para onde quiser. Às vezes permanece no mesmo lugar durante anos ou décadas e depois desaparece durante uma dezena de anos, para reaparecer em algum lugar do mundo como se sempre estivesse lá. Na verdade, onde quer que vá, ele muda para corresponder ao cenário mais conveniente para a época e o local.
No passado ele já foi um a pousada de campo pitoresca, um alojamento de férias sereno, um círculo de fadas escondido, até mesmo um apartamento chique. O único fator sempre presente é a aura de prazer e relaxamento que ele irradia, o que imediatamente coloca todos os visitantes à vontade. Qualquer Elegbara que o adentre imediatamente também sente o grande peso da história do lugar.
Além dos benefícios normais que uma Propriedade Livre confere aos residentes feéricos, o Círculo também possui uma série de outros poderes, que se tornam óbvios assim que alguém começa a contar uma história em torno da Lumeeira ou Pedra Sagrada. Mesmo as pessoas mais tímidas e caladas tornam-se contadores de histórias experientes, recebendo um sucesso automático em todos os testes de Performance ou Persuasão relacionados à sua história, e os Exus tornam-se fascinantes de se ouvir, ganhando três sucessos automáticos em tais testes. Todos os usos da Arte Historiagem também recebem um sucesso automático. O Círculo é uma força poderosa para a harmonia e a unidade. Qualquer pessoa que conte um conto apropriado ao seu Kith automaticamente recupera toda sua Força de vontade, pois a sensação de tradição do Círculo reafirma sua fé em seu Kith. Todos os testes sociais relacionados à amizade ou empatia são feitos com uma dificuldade de -2. Finalmente, torna-se difícil recorrer a qualquer tipo de violência dentro do círculo, até mesmo o linguajar mais áspero; um personagem que deseje fazê-lo deve ter sucesso em um teste de Força de Vontade, dificuldade 8.
Esses poderes são os mais óbvios dentre os dons do Círculo. Outros podem existir, embora a maioria tenha se perdido ao longo do tempo. Lendas antigas sustentam que o Círculo é capaz de uma série de poderes maiores: que um tesouro ou um bem precioso jogado no fogo da Lumeeira revelará uma visão do destino de seu possuidor; que o sangue de Sluagh aspergido na Lumeeira fará com que os fantasmas apareçam na fumaça; que ele irá abrir um Trod para qualquer lugar no Sonhar, se for agraciado com uma história verdadeiramente soberba; e assim por diante. O poder exato do círculo depende da vontade dos narradores, mas deve estar sempre de acordo com o propósito da Propriedade Livre como um lugar de tradição, conhecimento e paz.
As lendas que envolvem as origens desta Propriedade Livre afirmam que ela é o espírito da câmara original do palácio onde Scherezade teceu mil e um contos para encantar o sultão. Diz-se que este local acabou por adquirir tanto Glamour dos contos de Scherezade que, após a sua morte, a câmara saiu à sua procura. Embora não se saiba se ela já a encontrou ou a um de seus descendentes, ela se tornou um local lendário para os Elegbara. Aquele que a encontra é dito ter um grande destino pela frente