As antigas lendas definem um changeling como sendo o filho de mortais e fadas, ou um filho de fadas trocado por um humano. Os changelings modernos - Kithain - não são esses, mas têm semelhanças com ambos.
Era uma vez, um tempo em que os Sonhadores e os moradores de seus sonhos compartilhavam um único mundo. Entre estes habitantes estavam as fadas, que governavam o mundo por meio da bondade e do terror. Quando as fadas entraram em guerra, a humanidade lentamente voltou suas costas para as antigas tradições e abraçou a descrença e a autoconfiança. Com isso, a Banalidade, uma força manifestada pela nova ordem, dividiu os mundos em dois - o Mundo Outonal e o Sonhar. No Sonhar, todas as coisas são possíveis. Antigas maldições afetam regiões inteiras, monstros se escondem em florestas sem vida, estradas feitas de poeira das estrelas permitem que seus viajantes cheguem a lugares escondidos entre as nuvens, onde antigos dragões e animais míticos ainda vagam pelos céus.
Com o surgimento da Peste Negra, o aumento da Banalidade tornou impossível para o Sonhar manter as conexões com o Mundo Outonal, obrigando-o a fechar a maioria dos caminhos. Para sobreviver a esta investida contra sua própria essência, as fadas usaram um antigo ritual que prendeu suas almas imortais em corpos humanos. Este acesso limitado ao Glamour - a essência do Sonhar – colocou estas fadas em um ciclo de renascimento e redescoberta.
Este ciclo continua até hoje, mas todo changeling moderno acredita que estes são os momentos finais do Outono, e o Longo Inverno, um período em que a Banalidade cobrirá o mundo e a humanidade deixará de sonhar, está muito próximo.
As almas feéricas permanecem adormecidas dentro dos changelings até que o Sonhar as toque, fazendo com que o seu verdadeiro eu venha à tona. Alguns mortais podem passar a vida toda sem ter seu aspecto changeling desperto, especialmente nestes dias Banais. Esses changelings, sortudos o suficiente para despertar, vão percebendo mudanças gradativas ao seu redor. De repente, é possível furar o bloqueio da Banalidade e perceber qualidades quiméricas escondidas no mundo ao seu redor. Pode ser algo tão simples como ver algo que os outros não notam, ou ouvir a conversa de criaturas quiméricas, mas sem conseguir identificar a origem das vozes. Infelizmente, muitos dos sinais do despertar iminente de um changeling também são sintomas de várias doenças mentais, e nos últimos anos, esses sinais também são vistos como interferência sobrenatural ou possessão demoníaca. Assim estes changelings embrionários acham mais inteligente esconder estas suas experiências dos outros.
Eventualmente, estas visões e experiências estranhas culminam em uma explosão de Glamour, à medida que as memórias de suas vidas passadas retornam e o espírito feérico emerge de seu sono. Este momento da Crisálida (o processo de despertar), é conhecido como a Dança Onírica. Por um breve momento, o changeling descobre com perfeita clareza tudo sobre seu passado, e então isso desaparece, deixando o recém-desperto pronto para redescobrir seu eu verdadeiro e assumir um lugar dentro, ou fora, da sociedade das fadas e em uma das duas cortes. Os outros Kithain podem sentir um changeling nascendo através da Dança Onírica à quilômetros de distância, e a tradição exige que eles parem o que estão fazendo e ajudem as novas fadas a passar pelo processo.
De acordo com as memórias dos Kithain, Arcádia é a pátria de todos os seres feéricos, onde a Banalidade e corpos mortais são apenas pesadelos horríveis para assustar Infantes. Todos os changelings têm algumas lembranças de ter vivido lá durante eras anteriores, mas nenhum deles sabe o quanto destas lembranças são reais e quanto são ilusões ou fantasias. Porém, no final, isso não importa – o que é “real”, quando se trata de sonhos? Além disso, essas lembranças de Arcádia servem como esperança para os Kithain, esperando que o Longo Inverno possa ser evitado, ou pelo menos suportado, e que os portões de sua terra natal se abrirão novamente.