Mesmo sendo um conceito abstrato, a maioria dos changelings, incluindo os Unseelie, dão grande valor à justiça. Eles são ainda mais apaixonados do que a maioria dos humanos em insistir para ela seja cumprida. Todavia, seu conceito do que seria justiça é um tanto diferente. Isso se deve em grande parte à antiga tradição de realizar Penhores. Entre os Kithain, uma promessa não é algo que deve ser feito de forma leviana. Muitos changelings acreditam que se você não possui honra, então você não possui nada de valor. Na realidade, quando um changeling dá sua palavra solene, o sistema judicial Kithain raramente necessita se envolver. Os Juramentos são respaldados pelo poder do Glamour, e inclusive quando não o são, é pouco provável que um changeling volte atrás em sua palavra. Os Kithain têm boa memória para se lembrar de quem quebra Juramentos, prática que implica em severos castigos sociais. É dito que o antigo Grande Rei Falchion quebrou um voto solene, e como resultado foi completamente destruído.
Lamentavelmente, às vezes os changelings levam seu desejo por justiça a extremos, e esta “justiça” se transforma em eufemismo para “vingança”. Não se esquece nem se perdoa sequer uma grosseria, e algumas das retaliações que esses Kithain cometem por causa de uma ofensa (real ou imaginária) são realmente brutais. Até certo ponto, outros changelings geralmente podem se proteger de um companheiro feérico ofendido, porém o mesmo não pode ser dito da maioria dos mortais. Existem inúmeras histórias sobre mortais que enganaram ou ofenderam changelings de alguma forma. As represálias por essas ofensas são muitas vezes desproporcionais à gravidade da transgressão. Esses casos terminam com mortais desonestos cobertos por insetos espinhosos por toda a eternidade ou sendo cozidos vivos pelo mais simples dos crimes. Querendo ou não, essas histórias são contadas pelo ponto de vista changeling e nelas pouca simpatia é destinada ao mortal. Muitos fae Seelie podem se sentir tão facilmente ofendidos por uma humilhação como o seriam os seus parentes Unseelie, e algumas vezes até mais. Os Kithains Seelie podem ser muito petulantes caso se sintam ofendidos. Sua “fúria justificada” pode ser igualmente mesquinha e perversa.
Por mais incrível que pareça, a maioria dos nobres demora mais a se enfurecer do que os plebeus. Talvez seja devido a sua “noblesse obligue”; talvez seja somente por sua frieza. Geralmente, um nobre não precisa recorrer à força ou a métodos legais draconianos para manter a ordem; sendo um olhar desdenhoso o suficiente. Entretanto, em certas ocasiões se recorre à nobreza para aplicar a justiça. A nobreza estabeleceu um completo sistema de jurisprudência sobre a terra, e não teme usá-lo. Este sistema é complexo e arcaico e muitos plebeus asseguram de forma amarga que ele favorece a nobreza. O sistema de tribunais oficializado pelos nobres está dividido em dois níveis: os Tribunais Plebeus e os Tribunais Uasal (também denominados Uaisle ou Alta Corte). Os changelings que escolhem viver fora do sistema administrado pelos nobres tem seu próprio sistema de justiça, mas isso é assunto para outro livro. É claro que a nobreza não reconhece estes tribunais de mixórdias.
Os Tribunais Plebeus lidam com muitos dos assuntos do dia a dia da sociedade Kithain. Lidam com queixas civis e outros assuntos locais ou “triviais” em que os nobres não desejam se envolver. A maioria desses tribunais opera fora das Propriedades Livres plebeias e são respaldadas pelas forças da lei local. Tradicionalmente, um nobre não pode ser julgado por um Tribunal Plebeu, embora isso já tenha ocorrido em diversas ocasiões.
Os Tribunais Uasal são os instrumentos da nobreza e compete a eles julgar os crimes mais sérios e os assuntos de Estado. Consistem em sete nobres que se reúnem para julgar o acusado. Suas sentenças são geralmente justas, embora definitivas. Antigamente eram muito mais autocráticos, mas isso vem mudando com o Grande Rei David. Ao acusado é garantida assessoria jurídica e pode escolher entre um julgamento sumário ou um julgamento por Fior.