Uma flor desabrochou deste mundo o imo
Pétalas e folhas de lunar e branca chama.
Colhida a flor o saber insípido
A abundante medida de fado e fama.
— W. B. Yeats, "A Flower Has Blossomed"
O reino do Sonhar está ao mesmo tempo separado do mundo material e ligado a ele. Gerado pelos sonhos, a criatividade, os medos e as esperanças dos mortais, ele excedeu suas dimensões originais e tornou-se um reino de possibilidade infinita. Qualquer coisa imaginável pode ser encontrada no Sonhar; difícil é saber onde procurar. O Sonhar existe lado a lado com o reino dos mortais, entrelaça-se com ele, penetra-o em alguns lugares e reflete certos aspectos de seu vizinho não tão mágico.
Outrora o lar das fadas, o Sonhar tornou-se um lugar estranho para a maioria dos plebeus nos últimos séculos. Isolados da maior parte do reino desde a Fragmentação, muitos só o estão redescobrindo agora. Outros, que tinham acesso aos poucos Trods que continuaram abertos, estão agora explorando mais plenamente o Sonhar. A maioria nunca vai além do Sonhar Próximo, que guarda alguma semelhança com o vizinho reino dos mortais. Quase todos os changelings entram no Sonhar por meio de um Trod. Alguns se deliciam com a redescoberta de suas terras natais; outros estão começando a entender que elas apresentam tantos perigos quanto o mundo real.
O Sonhar e o plano dos mortais já foram a mesma coisa. A Separação afastou os dois, criando uma pátria distinta para as fadas. A Separação isolou Arcádia e boa parte do Sonhar do mundo material. As fadas verdadeiras, as majestosas fadas de antigamente, de poderes lendários e corpos feitos da própria essência do Sonhar, fugiram do reino dos mortais. Ficaram aquelas que não conseguiram (ou não quiseram) escapar, mas foram forçadas a se submeter ao Caminho dos Changelings para sobreviver. Aprisionar suas almas feéricas num revestimento mortal era a única maneira de sobreviver à investida da Banalidade.
Enquanto o maior perigo para os changelings no mundo mortal é a Banalidade, o Sonhar os expõe a novas ameaças que, ironicamente, são geradas pela falta de Banalidade. As quimeras monstruosas, capazes de sobreviver no ambiente rico em Glamour do Sonhar, ameaçam os changelings que se desviam de caminhos pré-estabelecidos. A realidade mutável, que só é possível porque não há Banalidade para a controlar, confunde e desorienta muitos viajantes nas Terras Oníricas. Enquanto, no mundo mortal, os changelings enfrentam a corrosão de suas identidades feéricas pela Banalidade, a falta de Banalidade na maior parte do Sonhar pode levá-los ao Desvario devido a uma sobrecarga de Glamour. Suas almas feéricas precisam lutar para sobreviver no mundo material, mas suas essências mortais sofrem quando estão no Sonhar.
Aqueles que estudam esse reino mágico ainda nem começaram a descobrir os inúmeros e diversos lugares a serem encontrados por lá. A natureza do Sonhar, com seu terreno mutável, clima caótico e fenômenos inexplicáveis, torna essa categorização uma tarefa impossível de qualquer maneira. “Possibilidade ilimitada” muitas vezes é só outra expressão para “irremediavelmente confuso”. Apesar da dificuldade de determinar onde exatamente uma parte do Sonhar acaba e outra começa, os eruditos entre as fadas geralmente concordam com uma divisão tripartida do reino: o Sonhar Próximo, o Sonhar Distante e o Sonhar Profundo.