O hospedeiro mortal de David Ardry nasceu no início dos anos 1960, no interior do estado de Nova York. O Infante David e sua irmã Morwen passaram seu período de tutela na companhia de outros Infantes nobres, protegidos da pior parte da Guerra da Harmonia por Thomas, o Leal, bardo-mor das fadas. Após a morte de Lorde Dafyll, chegou aos ouvidos de Thomas que seus protegidos corriam perigo devido a um bando de plebeus ávidos pelo sangue da nobreza. Fugindo desses assassinos, Thomas e seus pupilos se dirigiram para o coração do campo inimigo, com a intenção de se esconderem bem à vista de todos, onde sua presença talvez passasse despercebida.
A fuga os levou a Times Square na véspera do Ano Novo, onde uma patrulha de Redcaps avistou Thomas em meio à multidão que lotava a praça. Em meio aos festejos de fim de ano, o valoroso bardo usou de todos os seus poderes para defender seus jovens pupilos de um inimigo mais bem equipado. Durante a batalha desigual, David Ardry sentiu o chamado de uma fonte tão forte de Glamour que não resistiu à tentação de encontrá-la. O jovem Sidhe retornou ao calor da batalha empunhando uma espada cintilante – a desaparecida Caliburn – e lutou ao lado de Thomas para rechaçar os agressores. Amedrontados com a aparição da arma lendária, que agora emitia uma intensa luz dourada, os Redcaps bateram desordenadamente em retirada. “Contemplai!”, bradou Thomas a amigos e inimigos, “Vede agora vosso rei!”
Depois desse encontro com o destino, Thomas, o Leal, levou David, Morwen e seus outros protegidos para a segurança da corte da Rainha Mab, no Reino das Maçãs. Notícias já haviam chegado de que Caliburn fora encontrada e que seu portador viria a ser o predestinado Grande Rei das fadas. A princípio, a Rainha Mab duvidou dessas histórias e zombou do jovem Sidhe quando Thomas o apresentou na sala do trono. Quando ela ordenou que o Infante fosse removido de sua presença, um esplêndido grifo cinzento - o símbolo da Casa Gwydion - materializou-se ao redor de David, abrigando-o sob suas asas gigantescas. "Você vai negar agora o cumprimento da profecia?" As palavras de Thomas, o Leal, ressoaram com a força de seu geas de dizer sempre a verdade. “O filho do Grifo e a espada perdida serão reunidos no retiro das maçãs.” Diante dessa prova irrefutável, a Rainha Mab reconheceu David Ardry ap Gwydion como o legítimo Grande Rei das fadas.
Durante os três anos que se seguiram, David e Morwen viveram com a Rainha Mab em seu palácio de Caer Loon, no Reino das Maçãs. Durante esse período, o jovem aspirante a Rei se esforçou para estabelecer seu direito de governar tanto plebeus quanto nobres. Num primeiro momento, ele enfrentou a oposição de ambos. A Guerra da Harmonia ainda grassava, muito embora os presságios que cercavam o fato de David ter encontrado Caliburn tivessem arrasado a causa dos plebeus. Apesar da pouca idade, David exibia uma perspicácia política inata e uma profunda simpatia por todas as fadas, fossem os plebeus, residentes de longa data, ou os recém-chegados Sidhe. Ele respondeu diversas vezes aos desafios de raciocínio e combate dos nobres que insistiam em testar sua aptidão para governar. Enviou repetidamente emissários aos líderes plebeus, pedindo-lhes que congregassem forças em prol da sobrevivência e da prosperidade de todas as fadas. Os pontos de vista igualitários de David e seu respeito pelas realizações dos plebeus que lutaram para preservar o Sonhar durante o Interregno acabaram por conquistar o apoio de seus inimigos mais fervorosos.
Enfim, depois de três duros anos de lutas no campo de batalha e de negociações nas cortes e nas Propriedades Livres das mixórdias, a Guerra da Harmonia chegou ao fim. A verdadeira “harmonia” entre nobres e plebeus levou à elaboração do Tratado de Concórdia. Os termos do acordo reafirmaram o direito de governar dos Sidhe, mas reconheceram os direitos dos plebeus a um grau nunca visto antes. Os monarcas dos reinos feéricos concordaram em designar plebeus para seus conselhos privados e aceitar as deliberações de grupos de fadas plebeias. O Tratado de Concórdia também exigiu que os nobres apontassem representantes dos Kiths plebeus para ocuparem posições em suas cortes.
Alguns dizem que a paz forjada com tanto cuidado e tamanha perspicácia representava o sonho do Grande Rei David. Sem dúvida, o jovem Rei foi o principal arquiteto do Tratado de Concórdia. Unindo os sete reinos da América do Norte sob seu domínio, David chamou seu grande reino de Concórdia, em honra ao tratado e ao espírito de unidade que este representava.