A história dos Kithain é a história do fluxo e refluxo das marés de Glamour e Banalidade. Nenhum outro período descreve isso tão bem quanto o Interregno. Os eventos cataclísmicos iniciados pela Fragmentação continuaram a diminuir a influência do Sonhar. Muitos changelings descrevem a sensação de como se o mundo outonal tentasse sufocar suas almas. A igreja continuou seus esforços para livrar o mundo de influências indesejadas, e um grande número de changelings para evitar serem descobertos se esconderam bem à vista.
A maioria dos changelings ficou furiosa com os Sidhe em geral, e os Sidhe outonais - aqueles que ficaram na Terra - se tornaram alvos de ataques injustificados. Porém, com o tempo, sua presença mudou a mente dos plebeus - afinal eles permaneceram, para cumprir suas obrigações com seus súditos. Para evitar novas baixas, as cortes Seelie e Unseelie negociaram uma trégua por tempo indefinido em seu antigo conflito. Este tratado, conhecido pelos Kithain como o Acordo (página 57), ditava que as hostilidades cessariam, possibilitando a viagem entre domínios sem temer represálias por estar filiado a uma corte específica, uma tradição que continua a ser crucial para a sociedade changeling até os dias de hoje.
À medida que o século 14 terminava, o Renascimento florescia, trazendo um fluxo renovado de Glamour para o mundo outonal. Abraçando o paradigma feudal ao qual estavam acostumados, mas abandonado por grande parte dos mortais, os plebeus e os Sidhe outonais decidiram preencher o vazio deixado ao assumirem o controle das cadeiras dos regentes que agora estavam vagas. Percebendo a situação delicada em que se encontravam, os Sidhe outonais não reivindicaram títulos ou tentaram intervir nas decisões de seus colegas Kithain. No entanto, a sociedade changeling refletiu as alterações no mundo mortal, e quando as classes de mercadores cresceram em poder, muitos plebeus abandonaram títulos e costumes antigos, com a intenção de modernizar seu paradigma feudal. Algumas fadas, incapazes ou não dispostas a se adaptarem a essa mudança, pegaram a estrada, vagando de vilarejo em vilarejo ou então trabalhando como guardas de caravanas ou artistas itinerantes.
A Era das Explorações reviveu o sentimento de curiosidade dos Kithain, e alguns se juntaram às marinhas na esperança de descobrir fragmentos do Sonhar em lugares ainda não tocados pela Banalidade. O entusiasmo e os sonhos de descobertas maravilhosas entre os mortais foram refletidos no Sonhar com a restauração de Trods fragmentados, possibilitando que os Kithain mais uma vez visitassem locais dentro do Sonhar. Artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo encheram o mundo de Glamour, ao lado de escritores como Shakespeare e Christopher Marlowe.
A Era da Razão foi uma faca de dois gumes para os changelings. Enquanto se escondiam na forma de soldados, políticos, artistas e artesãos, as fadas aproveitavam o Glamour de músicos e poetas, movendo-se secretamente entre os humanos e guiando seus passos a partir das sombras. Ao mesmo tempo, os novos sonhos que preenchiam as mentes mortais não deixavam espaço para maravilhas e magia, relegando a existência dos changelings ao absurdo dos contos de fadas. A expansão e o desenvolvimento de novas tecnologias se tornou uma fonte de Glamour para Nockers e outros artesãos, e durante a Era das Invenções, esses changelings aumentaram muito sua influência entre os plebeus.
As aldeias cresceram virando cidades, enquanto as cidades se tornaram metrópoles, e os agricultores se transformaram em trabalhadores da era industrial. No início, o Glamour floresceu à medida que os avanços tecnológicos tornaram a vida mais fácil para o homem comum. Novos aparelhos e objetos maravilhosos entraram no mercado em um fluxo constante, mas o preço desse fantástico desenvolvimento foi a fumaça, a vida triste e difícil das fábricas e a propagação de doenças, à medida que as cidades continuaram a se expandir e atrair cidadãos de vários países e nações. Na virada do século 20, no final da Idade do Romance, o mundo começou a mudar de novo lentamente, mas de forma constante, a favor da Banalidade.
Com o início da Grande Guerra, os changelings se juntaram aos mortais nos campos de batalha de ambos os lados, o Glamour negro e amargo que nasceu disso rapidamente se tornou pior até mesmo que Banalidade drenando quase todas as esperanças até do mais cruel dos Kithain. A guerra trouxe à tona antigas rivalidades entre as cortes, aumentando as tensões, mas os mortais negociaram a paz e os sobreviventes voltaram para reconstruir as ruínas de suas antigas vidas.
Embora os 20 anos seguintes deram uma breve pausa no controle da Banalidade, a Grande Depressão diminuiu o Glamour mais uma vez. As obras de arte, a literatura e a poesia surgiram durante este período, verdade, mas para os changelings tentando encontrar um pedaço de Glamour no meio do deserto do oeste americano, esta foi uma era sombria. A Depressão foi seguida pela Segunda Guerra Mundial, e, mais uma vez, os changelings se viram transformados em soldados. Apesar dos governos tentarem disfarçar a guerra como uma expressão de orgulho e deveres nacionais, a realidade da guerra apagou a centelha de Glamour em quase todos os que lutaram. Changelings foram para a batalha, mortais Arruinados retornaram, nada diferentes de seus companheiros mortais, chocados e assombrados pelos fantasmas da guerra.