A Separação atingiu os Pooka com uma dor pior que o ferro frio. Eles, tão parecidos com os animais, tornaram-se vítimas da era moderna. Caçados, abatidos, engaiolados - esses changelings e os animais de onde surgiram seus mitos - descobriram que os humanos os haviam relegado à condição de criaturas secundárias e descartáveis. A harmonia com a natureza tornou-se desproporcional à medida que os humanos subiam ao topo da cadeia sem se preocuparem com aqueles em quem pisavam.
Imagine a dor que os Pooka sentem ao verem seus primos animais serem caçados até a extinção e passarem por pessoas nas ruas usando as peles de seus amigos. Imagine toda a esperança que eles depositavam na humanidade desde o início e sua decepção quando o mundo se tornou azedo e a humanidade escolheu a ganância e a dominação em vez de nutrir e promover a igualdade. Como alguém pode duvidar por um momento que os Pooka não carregam uma ferida profunda e sangrenta em seus corações?
Desconfiança dos humanos? É inimaginável, não é, que um Pooka possa desconfiar dos humanos? Afinal, eles só abatem focas bebê e atiram em elefantes por suas presas. Não é nada demais, não é, que os humanos testem produtos químicos nos olhos de filhotes de cachorro e injetem drogas em macacos que fazem seus músculos se contraírem por horas antes que eles finalmente morram?
É injusto dizer que o avanço da civilização prejudicou mais os Pooka do que os outros Kiths? Os Sidhe se queixam da perda de seus grandes palácios e estilos de vida cortês. Os Trolls resmungam sobre a decadência da honra e da glória. Os Sátiros reclamam do efeito que a moral da sociedade tem tido sobre a sexualidade e a liberdade humana. Os Nockers lamentam a tecnologia pouco criativa da era moderna. Os Redcaps enfrentam a luta em uma sociedade onde o “politicamente correto” é um conceito reverenciado. Os Boggans sentem falta da inventividade e do trabalho caseiro numa época em que as pessoas preferem micro-ondas e jantares prontos a fornos e o cheiro de massa crescendo. Os Exus meneiam a cabeça para a padronização das cidades e dos transportes, a falta de tribos migratórias e do espírito de peregrinação. Os Sluagh sussurram entre si sobre o... bem, ninguém sabe realmente sobre o que os Sluagh sussurram, mas certamente não se compara ao manejo, caça, tortura e extinção de ramos inteiros da extensa família Pooka.
Considerando a tristeza que os Pooka carregam em seus corações, não é de se admirar que eles tenham que escondê-la. É um testemunho de sua força interior e de sua dedicação ao Sonhar que eles ainda consigam manter uma visão relativamente positiva. Aqueles Pooka que cedem à sua amargura não duram muito. Eles se revoltam contra os mortais ou se entregam aos seus vícios para esquecer. Como todas as outras fadas, os Pooka caminham numa linha muito fina entre a Ruína e o Desvario. Só a Banalidade os impede de ceder. Um Pooka em Desvario cruza os limites e se torna vítima de seu próprio ódio e dor. Um Pooka nas Brumas passa a acreditar em suas próprias mentiras.