Após a Segunda Guerra Mundial e os horrores do front, muitos mortais sentiram que o futuro havia morrido nos campos de batalha. Embora houvesse um futuro, levou anos para que os humanos ousassem sonhar novamente. Após o boom de nascimentos do pós-guerra, sonhos de renascimento e novas possibilidades retornaram ao mundo outonal. A tevê entrou nas salas, permitindo que as pessoas explorassem mundos além da imaginação. A Europa continuou a reconstruir suas cidades arruinadas, e o Japão recuperou sua independência após a ocupação americana. Enquanto a década de 50 trouxe temores, com o início da Guerra Fria e o medo do comunismo, ou o risco da União Soviética detonar uma bomba de hidrogênio, a década de 60 trouxe visões de otimismo. Após o lançamento bem-sucedido de um satélite pela União Soviética, o Glamour começou a gotejar lentamente do Reino Outonal de volta para o Sonhar, enquanto a humanidade começava a imaginar as possibilidades de explorar o espaço.
Apesar das guerras contínuas e conflitos de ideais entre gerações, a década de 60 renovou a conexão do mundo outonal com o Sonhar. Conforme a corrida espacial estimulava os dois lados em conflito na Guerra Fria, os avanços tecnológicos benéficos à humanidade seguiam seu rastro. A aceitação dos ideais de liberdade pela nova geração e sua ousadia em sonhar com um mundo diferente tornou mais fácil para o Glamour se acumular. O controle da Banalidade sobre os mortais diminuiu conforme a corrida espacial se intensificou, mas foi necessário algo realmente extraordinário e monumental para incendiar este Glamour e causar uma explosão. Em 20 de julho de 1969, a humanidade assistiu o pouso do homem na lua ao vivo pela tevê, e toda a esperança, medo e encanto da década anterior explodiu.
Por todo o mundo, aqueles com visão feérica viram Trods antigos se abrindo na terra, ar e mar enquanto os governantes Sidhe, afastados há muito tempo, retornavam em corcéis majestosos e em carruagens de luz e escuridão. Verdadeiros sonhadores surgiram por todos os cantos, e as Lumeeiras queimaram mais do que antes da Separação. Por um breve momento, tudo no mundo teve uma qualidade quimérica, mas séculos de Banalidade acumulada apagaram isso e imediatamente fecharam os portões para Arcádia.
Guiados pelo Sonhar, ou talvez por algum plano feito antes de partirem, a primeira geração de Sidhe Arcádicos possuiu hospedeiros mortais. Testemunhas mortais descrevem amigos ou familiares caindo por um breve momento, depois se levantando, confusos por um curto período de tempo, mas cheios de confiança e uma aura real. Também é verdade que algumas almas Sidhe entraram no mundo outonal silenciosamente através de Trods invisíveis, e estes possuíram corpos de bebês recém-nascidos, esperando para crescer e se juntar às fileiras da nobreza como, alguns acreditam, um plano “B” caso algo desse errado durante o retorno. No entanto, independente do corpo escolhido, todos pertenciam a pessoas ricas e influentes, ou eram membros de famílias poderosas na sociedade.
Apesar dos portões de Arcádia terem sido fechados pela Banalidade, o Ressurgimento iniciou o retorno dos sidhe em ondas. Sempre que ocorrem fl uxos maciços de Glamour, como durante eventos importantes como a queda do muro de Berlim, a reviravolta do apartheid na África do Sul, ou a eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abre-se o caminho para a chegada de mais almas para o Reino Outonal.
Os Kithain já fi zeram diversas tentativas para determinar onde os lampejos irão acontecer, mas até agora nenhum conseguiu usá-los para viajar de volta ao Sonhar.
Os sidhe que retornam por lampejos pertencem aos Sidhe Arcádicos (página 106). Os plebeus que retornaram assim devem servir à uma das casas nobres dos Sidhe Arcádicos (ver Capítulo Dois).
Não demorou muito para os nobres ressurgentes clamarem para si as Propriedades Livres e territórios abandonados séculos atrás. Apesar de ter sido o trabalho árduo dos plebeus que garantiu a continuidade das Lumeeiras e propriedades, os arcádicos se recusaram a lhes dar o crédito por estas ações
Embora os changelings em outros países lidaram com o Ressurgimento de forma diferente, os plebeus de Concórdia se recusaram a entregar qualquer coisa para aqueles que os abandonaram e os deixaram à mercê da Banalidade.
Pequenas lutas, assassinatos e chantagens se tornaram cada vez mais comuns na sociedade Kithain, e não demorou muito para que a nobreza fizesse uso da Arte da Soberania (p.223) para impor a obediência. Apesar dos conflitos, ambos os lados declararam abertamente sua intenção de encontrar soluções pacíficas, independentemente dos atos de violência destinados a inviabilizar tais acordos.
Reconhecendo a altivez e o desprezo pelos outros que outrora já tiveram, os Sidhe das Casas Liam e Scathach perceberam o aumento dos conflitos antes de qualquer outra fada outonal. Não querendo entrar em guerra com aqueles com quem permaneceram durante o Interregno, nem com seus irmãos, as casas adotaram uma política oficial de neutralidade, prometendo agir como mediadores e mensageiros se solicitados. No entanto, esta atitude não impediu que alguns membros se aliassem ao lado pelo qual sentiam maior afinidade.
Embora as disputas fossem comuns, raramente se voltavam para a violência aberta entre arcádicos e plebeus. No entanto, um grupo clandestino de Sidhe Arcádicos convidou os líderes plebeus mais importantes para um baile de máscaras de Beltane para iniciar as negociações de paz, e para celebrar as conquistas feitas durante o Interregno. Embora desconfiados do convite, os plebeus sentiam-se seguros pela honra dos Sidhe. Enquanto esperavam que seus anfitriões chegassem, os plebeus se reuniram na sala de jantar da propriedade, apenas para serem abatidos por assassinos mascarados empunhando punhais de ferro frio.
As notícias do Massacre de Beltane rapidamente se espalharam em ambos os lados do conflito e, enquanto os plebeus se preparavam para a vingança, as exigências da Casa Fiona para investigar e punir os culpados não foram ouvidas. O tempo de discussões havia terminado com sangue nas paredes e só restava a guerra.