Você leva uma vida dupla, alternando-se entre a realidade e a fantasia. Apanhado no meio do caminho entre o sonho e a vigília, você não é nem totalmente fada nem totalmente mortal, mas é oprimido pelas preocupações de ambos. Encontrar um meio-termo entre o mundo absurdo e insano das fadas e o embotado e banal mundo da humanidade é essencial para se manter íntegro.
Mas essa síntese não é nada fácil. Os assuntos mortais parecem efêmeros e triviais quando você se vê cercado pela eterna magnificência da Corte Seelie. Quando você usa roupas feitas do mais puro luar e bebe vinho destilado a partir da névoa das montanhas, como voltar ao poliéster e ao refrigerante?
Que pena. Você não tem escolha. Apesar de sua metade feérica ser eterna e imutável, seu corpo e sua mente mortais envelhecem e perdem a flexibilidade com o passar do tempo. Mais cedo ou mais tarde, quase todos os changelings sucumbem a uma ou outra condição, ambas igualmente terríveis: a Banalidade, a perda da magia feérica; ou o Desvario, a perda da razão mortal.
Mas esse destino será mesmo inevitável? É possível conservar o deslumbramento infantil e, ao mesmo tempo, lutar contra a fria Banalidade que tenta entorpecer sua mente e roubar seu passado? É possível seguir as correntes do Sonhar sem ser tragado pelo turbilhão do Desvario?
Você está sozinho no mundo material. Nenhum mortal jamais entenderá a profundidade de sua alienação, estranheza e singularidade. Embora você possa tentar comunicar sua condição por meio da arte (e muitos tentaram e falharam), somente aqueles com sangue feérico perceberão, entenderão e apreciarão o que você é.
Um exilado entre exilados. Perdido entre os perdidos. Um estranho em toda e qualquer multidão. Saudações, amigo viajante. Seja bem-vindo ao Sonhar.