A década de 90 facilitou o acesso ao Glamour para os changelings de todas as posições sociais. Os avanços tecnológicos entraram em um ciclo evolutivo, levando as empresas a construírem seus inventos de forma mais rápida, concedendo acesso a novos objetos que tornaram a vida mais fácil tanto para mortais quanto para as fadas. Os telefones celulares, computadores e o acesso à internet tornaram-se coisas básicas, enquanto as viagens internacionais aumentaram, especialmente na Europa, devido a Convenção de Schengen. Os cidadãos da União Europeia receberam passe livre e os países que assinaram o acordo suprimiram o controle das fronteiras internas, ao mesmo tempo em que assumiram uma política comum de vistos. Se na década de 60 a liberdade de expressão beneficiou o Sonhar, o início da década de 90 ajudou a fomentar o Glamour aumentando a sensação de união entre os mortais.
Entretanto, não demorou para que a escuridão ressurgisse, mostrando seu lado negro e alimentando o Sonhar com o Glamour de forças sinistras e malévolas. A Guerra do Golfo, a Guerra Civil da Iugoslávia, a Guerra do Kosovo e o Genocídio em Ruanda apenas para citar alguns dos eventos que nutriram pesadelos e horrores. Da mesma forma que a corrida espacial afetou a mente dos humanos, a proximidade com os repetitivos conflitos em curtos períodos de tempo alimentaram a escuridão do Sonhar.
Parecia que o final do milênio seria feliz para os habitantes de Concórdia quando o Grande Rei David conheceu a bela Faerilyth da Casa Eiluned. Seu romance era apaixonado e intenso, mas acabou em tragédia. Ao realizar sua grande viagem por Concórdia, David desapareceu sem deixar vestígios enquanto estava com o Rei Meilge, tio e guardião de Faerilyth, no Reino dos Salgueiros. Acusações de assassinato e sequestro rapidamente se espalharam.
Alguns culpavam a nova grande rainha, outros a sociedades secretas e alguns a regente Morwen. No entanto, em meio ao caos, a esperança surgiu na forma de um contador de histórias dos exus chamado Seif.
Na mesma noite em que o Grande Rei desapareceu, Caliburn se materializou para Seif, informando seu desejo de se reunir com seu mestre. Guiado pelo amor e lealdade a seu justo Rei, Seif encontrou-se com a grande rainha e seus conselheiros, que reconheceram a tarefa que o Sonhar havia dado ao exu. Faerilyth concedeu um título à Seif e o encarregou de encontrar David e resolver o mistério de seu desaparecimento. Depois, ela completou a grande viagem por Concórdia, mas em vez de retornar a Tara-Nar, estabeleceu sua corte no Reino dos Salgueiros, onde se sentia mais segura.
Com David desaparecido, a nação entrou em um período tumultuado que ameaçava levar Concórdia novamente à uma guerra civil. Diversas facções apoiavam pessoas em grande parte desconhecidas, e em alguns casos até mesmo plebeus, a tomar o trono. A princesa Lenore, uma nobre da Casa Dougal, que David escolheu como sua herdeira no final da década de 80, recebeu o apoio da rainha Mab, que temia que devido aos muitos anos ao lado de David fizessem com que a regente Morwen não quisesse entregar o trono para a jovem. Morwen e Mab se recusaram a reconhecer Faerilyth como grande rainha, e Mab insistiu que Faerilyth estava envolvida no desaparecimento de David. Morwen, por outro lado, recusou-se a entregar o trono para Lenore por causa do amor a seu irmão, afirmando que haveria apenas um novo Rei quando, e se, fosse provado que David estivesse morto. Com três rainhas e um trono, a nação se dividiu tanto entre a corte Seelie quanto entre a corte Unseelie.
Vários debates ocorreram no Parlamento dos Sonhos, mas quanto mais discutiam, mais fragmentado o corpo político se tornava. Durante algum tempo, plebeus e nobres se reuniram com êxito no Parlamento, mas o crescente número de brigas no plenário e a frequência cada vez menor dos membros a cada sessão levou a grã Lady Ariadne a dissolver a instituição por tempo indeterminado.
Como um arremedo do Ressurgimento, quando o desembarque na lua inspirou esperança por todo o mundo, ocorreram os fatos de 11 de setembro de 2001.
Devido estes eventos, o Sonhar ressoou com a magia dos pesadelos, varrendo os reinos com o poder de um maremoto, destrancando portais e caminhos para antigas prisões esquecidas e não visitadas desde antes da Separação. Os Trods mais uma vez se abriram por todo o mundo conforme ondas de Thallain, Obscuros, e seus lacaios invadiram o mundo outonal com o intuito de prepará-lo para o retorno de seus mestres.
Sem aviso, o céu foi rasgado e, para aqueles com visão feérica, surgiu um sol vermelho, banhando o mundo com uma sinistra luz escarlate que lembrava sangue. Os sábios o chamaram de Olho de Balor, descrito em alguns tomos como sendo de um dos Fomorianos presos no Sonhar. Temendo que o Antigo Obscuro voltasse, ou que o olho, de fato, anunciasse o Longo Inverno, o pânico eclodiu entre os Kithain. Embora este segundo sol tenha desaparecido uma semana depois, sua presença marcou a sociedade changeling: os mais violentos entre eles adotaram uma atitude vil e diabólica. Redcaps e fadas Unseelie de todos os Kiths se voltaram contra os Sidhe Arcádicos como se a Guerra da Harmonia ainda estivesse acontecendo. Outros lutaram para restabelecer a paz diante deste perigo, mas, a guerra civil parecia inevitável enquanto o trono de Tara-Nar estivesse vazio.
No começo do outono de 2005, grã Lady Ariadne, após um pedido de Sir Seif, convocou o Parlamento dos Sonhos pela primeira vez em anos. Todos os pretendentes ao trono compareceram, sabendo que sua segurança era garantida por juramentos e truques perenes de Soberania aplicados ao prédio. Embora cordial no início, a sessão rapidamente se voltou para gritos furiosos, ameaçando partir para uma verdadeira guerra. De repente, as portas do plenário se abriram e um portal do Sonhar surgiu, a voz de Sir Seif ecoou no Parlamento: “Tal como foi quando mais precisamos, agora se repete. Contemplem! Seu verdadeiro Rei retorna!”
Escoltado pelo cavaleiro exu, David mais velho, porém ainda majestoso, atravessou o salão em direção ao palanque dos oradores, mas antes que pudesse alcançá-lo, Faerilyth lançou-se em seus braços. Em uma cena que silenciou a todos os presentes, os dois declararam seu amor um pelo outro. Após um rápido discurso, em que pediu que todos os Kithain se unissem e lutassem contra os pesadelos que retornavam, o Grande Rei saiu da câmara. Diante das perguntas sobre a busca e o desaparecimento de David, Sir Seif nada disse, afirmando que esse conto permaneceria em segredo até que o Sonhar lhe desse permissão para que fosse revelado. Enquanto os delegados reunidos discutiam entre si, Seif desapareceu e não foi visto novamente.
Inicialmente, o Grande Rei se juntou a seus súditos, mas, com o passar do tempo, retirou-se para o santuário no coração de sua fortaleza. Sua aparência forte e régia durante o retorno provou ser uma fachada, e apesar do amor e apoio de sua esposa, David agora é um homem quebrado, atormentado por sonhos caóticos e imagens que não fazem sentido para si. Em sua ausência, os Sidhe Arcádicos conservadores subornaram e ameaçaram todos em seu caminho para obter maior influência, apesar das diversas tentativas de frustrar estes planos vindas tanto da princesa Lenore quanto da regente Morwen. Para evitar um possível conflito ao trono, Lenore continua como herdeira de Concórdia, até o dia em que David e Faerilyth tenham um filho Sidhe.
Se o início dos anos 90 foi propício para a criação de Glamour, o final da primeira década do novo milênio gerou o aumento na Banalidade. Os changelings não só se encontravam em guerra com fadas das trevas, mas também tiveram que se defender da crescente estagnação e descrença. Até mesmo as Lumeeiras que sobreviveram à Fragmentação lentamente queimaram cada vez menos até que apenas brasas restaram. Comunidades inteiras de changelings sumiram devido a lutas e conflitos sobre como lidar com o pouco Glamour que determinada área produzia.
Confiando que seus soberanos fariam a coisa certa, guiados pelas Redevances e pelo Tratado de Concórdia, os plebeus foram ao Parlamento dos Sonhos em busca de ajuda. Por sua vez, o Parlamento enviou um pedido à corte do Grande Rei em Tara-Nar, mas recebeu uma resposta afirmando que os Sidhe tratariam do assunto em momento oportuno, ao mesmo tempo em que sugeria medidas de austeridade e a unificação de Propriedades Livres para que melhor suportassem a Banalidade.
Quando um grande número de changelings plebeus surgia nas sedes de poder de seus reinos, a nobreza se sentia obrigada a agir, decretando que os plebeus estavam invadindo e que, para aliviar seus medos, eles contatariam Tara-Nar, em seu nome. Em resposta a isso, David enviou uma proclamação para toda Concórdia, afirmando que não havia necessidade de se preocupar, já que havia ampla provisão de Glamour para sustentá-los. O Grande Rei reconheceu que os tempos eram difíceis, mas disse que ele iria aliviar suas preocupações nomeando mediadores para ajudar e garantir que todos recebessem o que lhes era devido. Em desespero, os plebeus procuraram aqueles do seu Kith que possuíam títulos, acreditando que o passado que compartilharam levasse os membros das casas a ajudá-los, mas eles se depararam com as mesmas respostas estúpidas que Tara-Nar lhes deu.