Do calor das areias do Saara ao norte, à generosa abundância de vida dos grandes rios do interior, à crescente riqueza das cidades costeiras, as fadas do reino conhecido como o Berço dos Impérios sabem de uma verdade acima de tudo: o trono espera vazio. E como diz o ditado, um trono vazio significa uma casa cheia de estranhos. Pois embora alguns fae poderosos possuam minas de ouro real ou quimérico, e alguns possuam ambos, nenhum deles é tão rico quanto o lendário Imperador Issa Traore da Casa Xangô (Casa de Estandarte aliada da Casa Gwydion).
Embora tenham havido muitos governantes sábios e poderosos, nenhum uniu tantos povos como o fez o falecido imperador. Essa abundância se reflete além do Sonhar; para os mortais, as oportunidades se espalham por toda a terra. O comércio de ouro, metais preciosos, cacau e petróleo flui de grandes portos. Cidades portuárias como Dakar, no norte, e Accra e Lagos, muitos quilômetros ao sul e à leste, estão crescendo a olhos vistos para refletir toda essa abundância. Enquanto os mortais sonham com um futuro dourado, o Glamour inunda o Sonhar Próximo. A África Ocidental explode com riquezas quiméricas para seus cidadãos changeling, sobre os quais nenhum governante solitário agora reivindica o domínio.
Pois existe uma lei eterna no Berço dos Impérios: a terra escolhe seu Imperador.
Oh, os changelings podem defender sua própria candidatura ou apresentar o nome de alguém que eles acham que merece o cargo, mas no final o Sonhar é o juiz supremo de quem é digno do trono. Terra e floresta, leopardo e cobra, delta e deserto, todos devem concordar, as quimeras tribais e também as vozes ecoantes dos ancestrais. Todos devem se unir para escolher um fae, o único, que deve ter a mente de um rei, o coração de um leão, a força de um guerreiro e a alma de um poeta. Uma tarefa impossível para unir tantos. Quem poderia vivenciar as velhas tradições de forma tão profunda? Quem poderia ganhar a bênção dos ancestrais, o amor da natureza e ainda dominar a modernidade? Quem poderá receber a abundância dos dias de hoje e espalhar sua prosperidade para todas as fadas? E, no entanto, o manto sempre encontra uma alma digna ... geralmente.
Já se passaram anos desde que o Imperador Issa Traore faleceu, e o Sonhar ainda está em silêncio. Embora esses longos períodos não sejam inéditos na história do Berço dos Impérios, esta lacuna cada vez maior está deixando os fae locais nervosos, pois eles se perguntam se isso tem mais a ver com o enfraquecimento do Glamour na Evanescência do que a seleção de um sucessor digno. Os mais calmos pedem paciência, citando o fato de que o Sonhar nunca errou em suas escolhas de governantes fortes ao longo dos séculos, mas alguns changelings ambiciosos não querem esperar que a terra fale, e planejam tomar o poder antes do previsto. Essas tentativas já foram feitas antes, é claro, mas isso não as torna menos perigosas para o povo, especialmente se um Imperador (ou Imperatriz) surgir durante o governo atual.
Os povos da África Ocidental são jovens no início do século 21. A maioria de sua população tem menos de 35 anos e muitos menos de 20. Enquanto as pessoas são jovens, a terra é antiga, com espíritos amados e reverenciados por gerações. Um cuidado ancestral tem nutrido cada acre de fazenda e floresta. A energia juvenil aliada à relativa estabilidade política permitiu que as cidades costeiras do sul crescessem rapidamente. Sem presenças estrangeiras dominadoras, a arquitetura, a culinária e as artes modernas dessas cidades permanecem ainda de uma forma vibrante totalmente africanas. A moda da África Ocidental influenciou Nova York, Paris e Milão com ricos estilos modernos que definiram tendências em todo o mundo. Por tudo isso: a moda, a arquitetura e as oportunidades modernas de poderem se expressar na internet, os Sonhadores do Berço dos Impérios desencadearam uma enxurrada de Glamour. Ao norte e ao leste, nas fazendas e propriedade rurais, os agricultores e pecuaristas estão podendo se beneficiar de melhores acordos comerciais negociados por jovens empresários instruídos que estudaram nas melhores escolas do mundo e voltaram para casa para fazer fortuna.
Expostos aos ventos frios da Evanescência, que arrastam tantas fadas para a Ruína, os laços familiares e comunitários da vida tribal entre os fae da África Ocidental e suas famílias Kinain são muito fortes para ajudar a preservar o precioso Glamour e afastar a Banalidade. Esses mesmos laços isolam as comunidades feéricas e humanas da homogeneidade de identidade que despoja a modernidade global. Particularmente em terras tribais distantes das cidades maiores, os laços tribais e familiares permanecem excepcionalmente fortes em comparação com grande parte do resto do mundo. Por escolha própria e em cooperação com seus parentes changelings, essas famílias Kinain interagem de forma mais plena com o Sonhar. Não é incomum encontrar anciões mortais que estão muito atualizados sobre fofocas e "quem é quem" entre os fae.
É claro que quer um imperador assuma ou não o trono, a política e o governo changeling devem continuar, com governantes regionais e nobres locais se preparando para resolver disputas, discutir a lei feérica e, de outra forma, manter a sociedade em ordem. (E atualmente, ficar de olho em cada um para ver quem tem aspirações ao trono). Esse tem sido o normal desde o falecimento do amado imperador Issa Traore anos atrás, enquanto a terra aguarda a elevação de um novo governante. A vida da corte no Berço dos Impérios é definida por festivais sazonais onde nobres regionais, visitantes dignitários, plebeus e vassalos nobres se encontram e se misturam. A maioria dos festivais é compartilhada de uma forma ou de outra com a comunidade mortal, e cada um reflete os costumes das culturas locais.
Por exemplo, a enorme Fete du Masques ocorre todos os anos na Costa do Marfim; é um evento vibrante que atrai visitantes regionais e internacionais. Na Fete du Masques em particular, mas em muitos outros eventos também, uma comunidade de artistas feéricos e mortais com mentalidade tradicionalista, conhecida como Dançarinos Eternos, sempre aparece. Originalmente fundada por uma mixórdia de Biloko e Djedi, os Dançarinos mantêm as antigas danças e festivais como uma forma de unir as fadas de mentalidade mais moderna de toda a região, através da disseminação cultural. Hoje o grupo se tornou um grande coletivo de artistas changelings e mortais, e os Dançarinos aparecem em cada festival para realizar narrativas complexas e danças interpretativas. Esses movimentos cativantes representam a alegria, o luto, a raiva e a memória do povo. Sua magia, tecida através do espírito esportivo e expressão cultural, serve para unir os povos de mentalidade moderna e tradicional através da proteção, memória e inspiração mútuas.
O Berço dos Impérios também é famoso por seus mercados coloridos e em expansão, tanto feéricos quanto mortais. Grandes mercados regionais também atraem os fae de longe para a oportunidade de negociar, reunir rumores e talvez localizar artefatos esquecidos cheios Glamour entre as barracas e tendas. O famoso mercado de Djenne nas sombras da Grande Mesquita é um destino favorito para muitos fae caçadores de pechinchas e aventureiros, locais e internacionais. Quando é hora de fazer negócios, vendedores e compradores surgem em Djenne-Djneo, aumentando a população de Djenne em três vezes o seu número normal. Artesanatos que foram passados de mestres para aprendizes por milhares de anos ainda são praticados aqui, fornecendo incontáveis estátuas de madeira de ébano, tijolos abençoados usados em métodos de construção tradicionais e peças complexas de latão e cobre com relevos ricos em significado simbólico e que muitas vezes escondem mais do que algumas mensagens secretas.
Muitos fae vasculham estas barracas de peças de alto relevo na esperança de que alguma delas forneça uma das chaves lendárias para o Caminho do Imperador. A lenda conta que o Caminho do Imperador atravessa o Saara de algum lugar perto de Timbuktu até os reinos do Oriente Médio. Ao contrário da maioria dos Trods, o Caminho do Imperador não leva as fadas de forma mais rápida para seu destino. Em vez disso, este Trod é considerado um teste da própria terra, e que os fae que puderem completar esta jornada se mostrarão dignos de governar. E embora completar a jornada não seja garantia do trono, é uma conquista que muitos governantes anteriores reivindicaram antes de serem escolhidos, assim isso incentiva a busca ambiciosa e determinada por uma das chaves exclusivas que abrirão o Trod e colocarão eles em um caminho literal para a grandeza.
Outro elemento cultural que une grande parte do Berço dos Impérios é o valor atribuído a contos bem contados. Até o Império do Mali, griots e griottes têm sido conselheiros da realeza: árbitros, embaixadores, cantores de louvor, anunciadores da desgraça e, o mais importante: contadores de histórias. Em culturas antigas ricas e já estabelecidas mas sem uma alfabetização generalizada, os griots tecem contos sobre a moral, tabus e identidade cultural. Treinar para se tornar um griot é uma honra que traz consigo a obrigação formidável de guardar séculos de sabedoria em sua memória sob a tutela de outro griot mais experiente que escolhe seus aprendizes para passar seus conhecimentos. Griots mortais ainda existem e prosperam hoje em dia e podem traçar sua linha de formação através de gerações, enquanto alguns membros do Kith Exu são conhecidos por chamar o Berço dos Impérios como o local de nascimento de seu Kith. Possuindo relações profissionais e profunda afinidade com o folclore e os mitos implica que muitos griots mortais estão cientes da natureza feérica de alguns de seus homólogos, sendo assim a condição de changeling um "segredo aberto" entre as linhas de formação dos griot, e mestres feéricos podendo assumir aprendizes griot mortais.
A mais de 1.600 milhas ao norte do porto de Accra, Timbuktu era um antigo centro de aprendizagem construído com base na riqueza do antigo comércio transaariano. Uma pequena mas dedicada comunidade de estudiosos changelings da palavra escrita ainda residem na antiga cidade abandonada no deserto. Eles preservam a Biblioteca Sem Nome, uma vasta coleção de obras alojadas no Sonhar Próximo e repleta até a topo com mapas esquecidos e conhecimentos perdidos. Os estudiosos se consideram os protetores dessa tradição, mantendo-a protegida da erosão da Banalidade. Eles também se encarregam de proteger o mundo mortal do conhecimento perigoso e daqueles que são tolos o bastante para buscá-lo sem o devido respeito. O sábio se aproxima de Timbuktu com receio. Correm boatos de que os estudiosos procuram aprendizes entre os que amam a beleza da palavra falada. Um aspirante a estudioso deve provar seu valor falando verdades profundas e percepções sábias usando o mínimo de palavras possíveis. Quanto mais expressivo e evocativo, melhor, embora permanecendo quase que inacreditavelmente breve. Esse aspirante também deve ser um recipiente humilde e grato de sabedoria, mostrando um verdadeiro apreço pelas frases bem elaboradas faladas pelo estudioso do teste. Só então eles receberão a chave da grande biblioteca.
Não que a Biblioteca Sem Nome seja o único lugar que atrai aqueles que amam o antigo, o perigoso e o proibido. Changeling aventureiros rapidamente aprendem sobre os perigos de viajar nos confins mais remotos do Berço dos Impérios. Além dos perigos mundanos, os lugares selvagens hospedam quimeras predatórias que agem de acordo com seus instintos mortais, enquanto truques antigos aguardam para serem ativados pelos incautos. Perto das ruínas ou em locais onde a memória dos nativos é forte, antigos guardiões quiméricos leais aos imperadores há muito mortos procuram impedir que qualquer um, exceto seu patrono ausente, alcance o trono. No mundo mortal, os ventos quentes do Harmattan sopram de novembro a março, trazendo a estação seca quando não há plantações. No Sonhar, o vento Harmattan não conhece estação e nada conhecido por mortais ou fae pode prever a dança selvagem de sua fome. Nas costas, longe dos olhos das cidades, grandes florestas de manguezais crescem como labirintos vivos com suas próprias passagens secretas, tesouros escondidos e soberanos secretos.
O Olho que Não Pisca
No alto noroeste do Saara encontra-se uma maravilha geológica conhecida como Olho do Saara. Geólogos mortais não concordam com qualquer explicação de origem para esse padrão de redemoinho de 40 quilômetros de largura gravado para sempre na rocha. A ciência moderna ainda não consegue concordar se esta é uma explosão ascendente de magma, uma cratera de meteoro ou algo totalmente diferente. Apesar da escassa população de habitantes locais, é dito que estranhos viajantes com olhos profundos e sábios procuram este lugar com frequência crescente, conforme mais e mais Trods são reabertos na Terra dos Sonhos Ancestrais. Fadas intrépidas que exploraram esta maravilha sobrenatural, mas ainda terrestre, descrevem que partem dali com um sentimento intenso de que, embora olhassem e olhassem, nunca viram o que realmente estava lá. Como se estivessem na presença de Algo que nunca foi desmascarado.
Ao contrário de alguns reinos vizinhos, cujos reflexos quiméricos têm uma ou duas características fortes, a paisagem do Sonhar Próximo no Berço dos Impérios é tão diversa quanto às terras que abrange. Em vez disso, a característica que mais o distingue dos outros é a existência das chamadas “quimeras ancestrais”, populações de quimeras de aparência humana que tomam forma com base em membros especialmente amados, ou notórios, da comunidade. É importante reconhecer que eles não são fantasmas, embora às vezes eles possam acreditar que são, mas seres quiméricos criados a partir de histórias contadas sobre uma pessoa. Assim, eles são muitas vezes maiores do que as figuras em vida, e "lembram" de suas vidas não como eram, mas como as pessoas dizem que foram, e estão ansiosos para compartilhar suas histórias com quem quiser ouvir.