Restos dos fast foods e jornais são arrastados rua afora, impulsionados pelo vento frio e gélido de um dia cinzento, vendedores e secretárias, liberados de seus cubículos em horas tardias, tomam as ruas com passos apressados, envoltos em casacos cinzentos e azul-marinhos, a caminho de seus “apertamentos” nas alturas. O transito para a cada semáforo e a fumaça dos escapamentos meio que oculta os diligentes pedestres. Um vagabundo se esconde perto de uma lixeira, com cabelo ralo, emplastrado de neve imunda. Enquanto isso, muito acima da cidade, seguros em suas fortalezas de vidro e metal, os capitães da indústria contam suas moedas, e seus olhos gananciosos brilham nas estéreis salas de diretoria. Os fabricantes de armas riem consigo mesmo, e abanam-se com maços de notas, indiferentes às carnificinas provocadas pelo seu lucro. Vestidas de negro, crianças góticas, cujas faces lívidas procuram algo no que acreditar, dançam desesperadamente ao som da musica para afastar a inanidade. Movendo-se furtivamente nas sombras dissimuladoras, vampiros sorriem sardonicamente ao verem passar essas pretensas almas melancólicas e aguardam o banquete que está por vir. Uma criança abatida e abandonada geme em seus pesadelos, aconchega-se ainda mais em sua caixa de papelão e chora. A metrópole no inicio de inverno, o Mundo das trevas. Como nosso mundo comum, só que um pouco mais tenebroso um pouco mais aterrador.