Os plebeus vivem na Terra desde a origem das fadas. Aprisionados aqui após a Fragmentação, eles sobreviveram introduzindo suas almas em formas mortais e passando por uma eterna reencarnação. Nascendo e renascendo em famílias humanas, eles se protegeram dos piores efeitos da Banalidade e também desenvolveram fortes vínculos com a humanidade. Os nobres, pelo contrário, geralmente são Sidhe transportados de Arcádia durante o Ressurgimento, fadas que estão aqui para viver uma única encarnação, determinadas a aproveitar ao máximo sua temporada no mundo material. Apesar de alguns Sidhe terem entrado no mundo ao assumir os corpos de fetos humanos, todos eles sabem que têm apenas uma vida a ser vivida antes de seus espíritos seguirem para um destino incerto. Essa distinção faz da aquisição e da manutenção do poder a obsessão de muitos nobres e os diferencia dos plebeus, que sabem que, se não tiverem êxito desta vez, sempre poderão tentar de novo.
Os nobres consideram os plebeus inferiores e contaminados pelos adornos da mortalidade. Os plebeus acham os nobres arrogantes e insensíveis, preocupados somente com o poder e o status. Apesar de alguns plebeus e nobres respeitarem e demonstrarem afeição uns aos outros como indivíduos, as duas classes de Kithain geralmente exibem desconfiança e antipatia mútuas. O Tratado de Concórdia impôs o sistema feudal aos plebeus, mas a maioria deles ainda não aderiu completamente a todas as restrições do mesmo, rebelando-se em segredo contra os deveres mais onerosos delegados a eles como Kithain “inferiores”. A maioria dos plebeus demonstra devoção ao senhor local da boca para fora, mas reserva-se o direito às próprias opiniões, considerando-se absolutamente à altura da nobreza.
A sociedade nobre depende de uma hierarquia na qual o posto e o título determinam a posição de alguém na grande comunidade. O respeito é algo que se deve àqueles de posto mais elevado e uma coisa que se espera daqueles de posição inferior.
Numa estrutura feudal, quase todos os nobres devem fidelidade a um nobre mais importante. Mesmo os Reis e as Rainhas de Concórdia são vassalos do Grande Rei David, a autoridade suprema da sociedade feérica nos Estados Unidos. De maneira similar, todo nobre é suserano de alguém. Só os escudeiros, que ocupam o patamar mais baixo da hierarquia nobre, não têm vassalos, embora possam exercer um certo domínio sobre os pajens.
Os tradicionalistas julgam-nos pouco melhores que os camponeses e, portanto, consideram todos os plebeus como seus súditos. Em alguns casos, como conseqüência da Guerra da Harmonia, alguns plebeus adquiriram títulos de nobreza e integraram-se à hierarquia nobre. Apesar disso, os nobres consideram arrivistas esses plebeus “com título” e raramente os levam a sério.
Apesar de muitos plebeus verem a aquisição de poder como seu objetivo principal, outros têm como sagrados os laços entre suserano e vassalo e vêem nesses Juramentos símbolos de continuidade e estabilidade que promovem uma atmosfera na qual o Glamour pode ser colhido e protegido e na qual as fadas podem sobreviver. Contudo, nem mesmo esses nobres estão isentos de intrigas e artimanhas políticas, pois as sociedades feudais encorajam essas manobras secretas para a obtenção de posições melhores e de mais status.
Aqueles que se encontram no topo da hierarquia vão até as últimas conseqüências para permanecerem lá e fazem de tudo (com exceção do roubo descarado) para aumentar suas posses e expandir suas bases de poder. As alianças entre os nobres mudam conforme as circunstâncias, tendo somente as leis das Redevances para controlá-las. Aqueles que se encontram na base da pirâmide social tentam melhorar e obter uma posição mais elevada ganhando reconhecimento e respeito.
Os direitos e os privilégios têm um papel importante no relacionamento entre senhores e vassalos. Os senhores exercem certos poderes sobre seus comandados, mas, em troca, têm obrigações para com seus vassalos, como proteção e refúgio contra ameaças externas. Do mesmo modo, os vassalos devem lealdade e serviços a seus senhores. Se um senhor abusar dos direitos de seus vassalos, estes, por sua vez, têm o direito de se insurgir contra o senhor e destroná-lo, ou então apelar ao suserano de seu senhor para que este corrija a situação. Esse sistema interligado de direitos e deveres mantém unida a sociedade nobre.
Os nobres changelings têm algumas obrigações para com seus vassalos. Os nobres não podem abusar de seus vassalos nem tratá-los como empregados, escravos ou mesmo servos. Os nobres são obrigados a proteger aqueles que se encontram abaixo deles de ameaças externas, sejam estas as Casas rivais ou os agentes da Banalidade. O senhor deve a seus vassalos o direito de asilo em tempos de necessidade. Ele tem de resolver com justiça todas as disputas dentro de seus domínios e não pode decretar punições sem motivos para tanto. O nobre é o administrador das Propriedades dos plebeus que vivem em seu feudo; sua justiça é suprema, e nenhum forasteiro tem o direito de tomar por ele suas decisões. Os nobres também têm o dever de providenciar o que for necessário para a comemoração dos feriados e das festas que celebram o Glamour e o fortalecimento dos laços com o Sonhar.
É possível apelar a um senhor mais importante se uma decisão for considerada injusta. A violação dos direitos de um nobre lhe dá o direito de se voltar contra o suserano, que perderá sua honra ao quebrar os votos de lealdade para com o nobre ofendido. Apesar de a sociedade nobre não perdoar o abuso dos vassalos, surgem alguns déspotas ocasionalmente e, a não ser que sofram forte oposição, eles geralmente continuam a tiranizar todos os infelizes que lhes devem fidelidade.
Como muitos plebeus não se submetem ao sistema feudal, os conflitos que surgem entre os nobres e os Kithain comuns representam situações problemáticas que só são resolvidas com muito tato. Os plebeus que vivem no domínio de um senhor e se recusam a reconhecer a autoridade do mesmo provocam uma contenda interna que precisa ser resolvida. Às vezes, as diferenças entre os senhores e os plebeus podem ser resolvidas com a mediação de um indivíduo respeitado pelos dois lados. O próprio Grande Rei David já teve de negociar pessoalmente acordos entre plebeus insatisfeitos e nobres descontentes, Essa boa vontade contribuiu para aumentar sua popularidade entre todos os Kithain.