A Crisálida, ou o momento da metamorfose, rompe a concha de Banalidade que esconde do mundo dos mortais a verdadeira identidade do changeling. Como o Big Bang que criou o universo, esse acontecimento impele o changeling recém-desperto rumo a seu primeiro contato real com o Sonhar. Atacado de todos os lados por uma barragem de visões, sons, odores, sabores e experiências táteis que contradizem a realidade fria e cruel de sua vida até esse ponto, o novo changeling pode acreditar estar enlouquecendo. De certo modo, talvez, ele esteja mesmo, de acordo com as definições de sanidade do mundo. Mas, por outro lado, em algum lugar das profundezas de sua psique, ele percebe que finalmente está em casa.
Muitos changelings crescem como desajustados em suas sociedades. Mesmo quando crianças, uma certa essência indefinível os envolve, fazendo com que aqueles que os conhecem acabem por rotulá-los de “incomuns”, “dotados” ou, muito apropriadamente, “fadados". Quando crianças, é provável que tenham amigos imaginários (que podem não ser tão imaginários assim, afinal de contas) ou insistam em acreditar em mundos mágicos cheios de dragões e super-heróis muito depois de seus colegas já terem começado a se interessar por esportes coletivos e namoros. A medida que crescem, esses futuros changelings continuam a estarrecer as famílias, os amigos e os colegas por serem excêntricos e conservarem uma singularidade que os impede de se adaptar completamente ao mundo moderno. Essa sensação de deslocamento brota da alma nascente do Kithain, ainda adormecida, mas já começando a se agitar no interior da carne mortal, esperando o momento e as circunstâncias propícias para se fazer conhecer.
Assim como o vulcão adormecido dá sinais de uma erupção iminente, a Crisálida anuncia sua chegada ao produzir alterações sutis (ou às vezes não tão sutis) na realidade do changeling. Podem ser vislumbres repentinos — para os olhos mortais — de paisagens impossíveis, alucinações com criaturas mitológicas nos lugares mais improváveis (um unicórnio na sala do chefe), períodos de dissociação da personalidade ou a sensação de que uma outra pessoa se apossou de sua mente. Na ocasião, poucos changelings se dão conta do que está acontecendo; alguns, de fato, procuram ajuda médica ou psiquiátrica.