Otimismo

Otimismo. De ótimo; do latim "optimus" = que possue muitas "opes" = riquezas, dons, recursos. Passou a ser empregado como superlativo de "bonus" = bom. É uma atitude fundamental que leva o indivíduo a visualizar sempre as pessoas, as coisas, as situações, sob os seus aspectos bons, agradáveis, positivos. Da mesma forma o pessimismo é uma atitude fundamental, a qual, porém, leva a supervalorizar os aspectos negativos e sombrios. O otimista e o pessimista veem a mesma coisa, sob ângulos diferentes; por isso reagem de modo diferente. Numa prova que deve durar 2 horas, quando se anuncia que passou uma, a reação do pessimista é: "Que horror! Já passou uma hora!" A reação do otimista é: "Que bom! Ainda tenho uma hora!" Tanto o otimista quanto o pessimista precisam ser realistas, ou seja, ver as coisas como realmente são. Por isso, uma educação esclarecida pode influir num sentido otimista, mas uma vida atribulada por decepções sucessivas, pode marcar profundamente uma pessoa, tornando-a pessimista. O pessimismo funciona, em geral, como inibidor da ação, mas propicia o desenvolvimento do senso crítico; o otimismo é um estimulante, mas quando sucumbe à ingenuidade, pode levar a desilusões e irresponsabilidade. Toda educação deve procurar ser realista, mas envolvida num clima de otimismo, que permita um desenvolvimento que não atrofie a confiança e a alegria de viver. (1)

Otimismo (optimisme). Um otimista encontra um pessimista. "Tudo vai mal", exclama este último. "Não poderia estar pior!" E o otimista lhe responde: "Que nada, que nada..." Qual otimismo não dá razão, no fim das contas, ao pessimismo? 

Optimus, em latim, é o superlativo de bonus. A palavra significa "o melhor", e essa etimologia quase poderia servir de definição suficiente. Ser otimista, no sentido filosófico do termo, é pensar com Leibniz, que tudo vai no melhor dos mundos possíveis (Teodiceia, I; ver também III, 413 ss.). Doutrina irrefutável (já que esse mundo é o único conhecido) e, no entanto, incrível (a tal ponto o mal é evidente nele). Voltaire, no Cândido, disse a esse respeito quase tudo o que era necessário. Mas não deixa de nos espantar que um gênio como Leibniz, talvez o maior gênio que já existiu, possa ter caído numa tolice dessas. É que ele levava a religião a sério e que a religião, inevitavelmente, é otimista. Se Deus existe, o melhor existe: toda religião é um otimismo metafísico.

No sentido corrente, a palavra otimista designa menos uma doutrina que uma atitude ou uma propensão: ser otimista é encarar as coisas pelo seu lado bom, ou pensar, quando elas são decididamente dolorosas, que elas vão se arranjar. E afinal de contas, por que não? Todavia a morte e a velhice constituem fortes motivos para não acreditar totalmente nisso. 

"O pessimismo é de humor, o otimismo é de vontade", dizia Alain; "todo o homem que se dá por vencido é triste". Não sei. Que é melhor reerguer-se do que ficar caído, visar à alegria do que à tristeza, enfim, governar-se do que se entregar, concordo, é claro. Mas desde que não se sacrifique, com isso, um só grama de lucidez. A verdade, para um filósofo, vale mais do que a felicidade.

Prefiro a fórmula de Gramsci: "Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade." Ver as coisas como são, depois dar-se os meios de transformá-las. Considerar o pior, depois agir para evitá-lo Mesmo assim morreremos? Mesmo assim envelheceremos? Claro. Mas teremos vivido mais. (2)

(1) ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.

(2) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2011.