Cientismo

Cientismo. A concepção de que a pesquisa científica é o melhor caminho para assegurar conhecimento fatual acurado. É uma componente tanto do positivismo lógico como do realismo científico. O cientismo tem estado atrás de toda tentativa de transformar um capítulo das humanidades em um ramo da ciência: relembrar, isto é, as origens da antropologia contemporânea, a psicologia, a linguística e as ciências sociais. O termo foi usado pejorativamente por F. Hayek e outros a fim de designar as tentativas de arremedar a ciência natural nos estudos sociais. Ele e outros membros do campo “humanístico” (de gabinete) nas ciências sociais veem no cientismo, mais do que uma anticiência ou uma pseudociência, seu principal inimigo. (1)

Cientismo. Por influência do século XIX, há os que julgam que a ciência, no sentido que tem este termo hoje, é capaz de oferecer a solução para todos os problemas da vida humana, inclusive os metafísicos, e que por sua vez há necessidade também de reduzir a métodos científicos as especulações que pertencem ao campo da própria filosofia. Afirmam, ademais, que os métodos científicos, além de suficientes, são os únicos que poderão dar ao homem a solução de seus magnos problemas. Em face das vitórias obtidas pela ciência é natural que alguns cientistas, que não se dedicaram eficientemente ao estudo da filosofia, julguem que é possível a redução daquela a esta, com uma facilidade maior do que a que realizam alguns físico-químicos, que reduzem, precipitadamente, a biologia à físico-química. Há, contudo, algo positivo na posição do cientismo, e a positividade está apenas nisto: o que há de mais sólido e fundamental no processo teórico da ciência são as normas dadas pela matemática. Mas esta não é uma disciplina científica apenas, ela é sobremaneiramente filosófica. Por isso ela classifica-se como ciência auxiliar, intermédia entre a filosofia e a ciência como se concebe hoje. Ao examinarem-se as diferenças fundamentais entre ambas verifica-se a improcedência do cientismo. Ademais o que revela a incapacidade do cientismo de resolver os magnos problemas da filosofia está no fato de a ciência se circunscrever apenas ao campo das coisas contingentes e acidentais, enquanto a filosofia invade a dos seres necessários. (2)


(1) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(2) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.