Corrupção

Corrupção. Do latim corruptione. 1. Ação ou efeito de corromper; podridão, putrefação, decomposição. 2. Devassidão, depravação, perversão. 3. Modificação, mudança, alteração, adulteração. (1)

Corrupção. Na ordem psicológica e moral, a corrupção denota um estado desordenado e patológico da consciência que leva o sujeito livre a exercer o mal ou pecado. Opõe-se à ordem da perfeição e da graça. Na ordem física, a corrupção é um fenômeno de involução dos entes materiais que possuem uma estrutura complexa e perfeita... Daí, o célebre adágio de Aristóteles e dos escolásticos: "A geração de uma coisa é a corrupção de outra". (2)

Corrupção. Na filosofia de Aristóteles, contrariamente à geração, que é uma criação, a corrupção designa a destruição ou degradação da substância. "A corrupção", diz Aristóteles, "é uma mudança que vai de algo ao não-ser desse algo; é absoluta quando vai da substância ao não-ser da substância, específica quando vai para a especificação oposta" (Fís., V, 225 a 17). (3)

Corrupção. O sentido Metafórico é mais amplo do que o sentido restrito.  Refere-se normalmente ao afastamento de uma matriz tida por modelo de perfeição. Em termos políticos, é a falta de honestidade que acompanha o desempenho de determinadas funções administrativas. (4)

Corrupção. Há três tipos de corrupção: 1) a prática da peita ou uso da recompensa escondida para mudar a seu favor o sentir de um funcionário público; 2) o nepotismo, ou concessão de empregos ou contratos públicos baseada não no mérito, mas nas relações de parentela; 3) o peculato por desvio ou apropriação e destinação de fundos públicos ao uso privado. A corrupção é considerada em termos de legalidade e ilegalidade e não de moralidade e imoralidade. (5)

Corrupção. (do lat. cum e rumpere, romper com). Diz-se do que é rompido, separado de suas partes, cuja separação e modificações respectivas levam à transformação da totalidade, que era anteriormente, que deixa de ser o que era. Para Aristóteles, como para os escolásticos, o que se corrompe é. O nada não pode corromper-se, porque o nada não é. O que se corrompe transita de um contrário a outro contrário. A corrupção dá-se do ser (ex esse) que é, para não ser o que era. Ela implica, portanto, o não-ser, que é o seu terminus ad quem. Há nela uma afirmação da negação, e consiste na privação de uma forma da substância, ou seja, uma mutação de ser para não-ser. E tal não se dá no tempo, pois é instantânea. O contrário das corrupção é a geração (vide), pois a corrupção de um ser é a geração de um outro. Mostram ainda Aristóteles e os escolásticos que a corrupção é dúplice: simpliciter e secundum quid. A primeira (a absoluta) é a que parte de um ser substancial para o não-ser, a segunda (a relativa) é mutação na negação oposta, no mesmo que é afirmado, como a do branco em não-branco (que se dá na cor). (6)

(1) Enciclopédia Barsa Universal.

(2) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.].

(3) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(4) POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

(5) BOBBIO, N. et al. Dicionário de Política. 2. ed. Brasília: UNB, 1986. 

(6) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.