Doutrina das Emanações

Doutrina das Emanações: Plotino. A emanação é um dos conceitos-chave do começo da era cristã. Além dos gnósticos, que também o emprega é Plotino (205-270), um pensador cuja obra, As Enéadas, figura como a expressão mais elevada do neoplatonismo. Uma flor emana perfume, um corpo luminoso emana luz. A emanação é, portanto, um processo pelo qual uma coisa é causada por outra, que a determina ou a contém como princípio. Plotino explica assim a criação do mundo, por meio de uma série de emanações de um princípio supremo, o Um ou Deus, que exclui qualquer multiplicidade.

O Mundo se divide em Mundo inteligível e Mundo corpóreo. O primeiro é formado pelo Um. Do Um emana o intelecto (nous) e, numa segunda emanação, do intelecto emana a alma do mundo (anima mundi). O intelecto (que equivale ao Demiurgo platônico), ao ser pensamento, apresenta uma cisão entre sujeito e objeto; abriga, portanto, o germe da multiplicidade. Mas essa se encontra plenamente desenvolvida na mundo corpóreo formado pela matéria. O Mal (ou seja, a privação de ser que origina o devir) reside aí.

No entanto, a anima mundi intervém também no mundo corpóreo como princípio de unidade e indivisibilidade. A existência do homem, portanto, é um corpo de batalha entre esse princípio unitário, que tende para o Bem (a união com o Um) e a multiplicidade da matéria, que encaminha para o Mal (privação de ser). Retomando às teses sobre o amor que Platão havia formulado no Fedro,  Plotino aponta um caminho interior, um retorno à mesmice, como via de ascensão da multiplicidade presente na matéria à unidade que Deus encarna. É um caminho de êxtases místicos que conduzem à fusão com o Um e que só é concedido aos eleitos.

Essa experiência interior, entretanto, na qual se abandonam a percepção sensível e o pensamento discursivo, aparecerá com muito mais força em Santo Agostinho.  (1)

(1) TEMÁTICA Barsa - Filosofia.