Gnoseologia

Gnoseologia. Do grego gnosis, conhecimento, e logos, teoria, ciência. Teoria do conhecimento que tem por objetivo buscar a origem, a natureza, o valor e os limites da faculdade de conhecer. Por vezes o termo "gnoseologia" é tomado como sinônimo de epistemologia, embora seja mais amplo, pois abrange todo o tipo de conhecimento, estudando o conhecimento em sentido mais genérico. (1)

Gnoseologia. Incluíam os gregos no termo epistéme todo saber e toda ciência, não só o conhecimento filosófico, como ainda o artístico, o técnico, etc. Posteriormente distinguiram o saber empírico (empeireia), o técnico (tekné e logismós) e o saber vulgar, a  doxa. Da palavra epistéme construiu-se o termo epistemologia, a disciplina que estuda, teoricamente, o saber científico justificado pela filosofia, verdadeira lógica do saber científico.

A gnosiologia ou teoria do conhecimento especula um saber teórico do conhecimento, ponto de partida para o estudo da metafísica, em seus diversos aspectos. Nem na Antiguidade grega, nem na Idade Média, há propriamente uma disciplina autônoma, que se possa considerar como sendo a gnosiologia, embora os temas gnosiológicos estivessem presentes desde os gregos, sobretudo no período crítico dos sofistas. Na filosofia hindu encontramos, em correspondência com a nossa, análises, nalguns casos agudas e profundas dos temas gnosiológicos, como na crítica dos budistas e dos jainistas. Em nossa cultura Locke é considerado, historicamente, o fundador dessa disciplina, com sua obra An Essay concerning human understanding, onde coloca em discussão o problema do conhecimento. Leibniz, posteriormente, procurou refutar as ideias de Locke. Berkeley e Hume trataram dos temas que se referiam ao conhecimento humano. Muitos consideram que é propriamente com Kant, em sua Crítica da Razão Pura, que a gnosiologia se estruturou numa disciplina autônoma, e que os estudos posteriores de Schelling, Fichte, Schopenhauer, Hegel, Edward von Hartmann precipitaram a sua formação. Os escolásticos estudam os temas gnosiológicos na Lógica Maior (também chamada Crítica), onde se procedeu a crítica das diversas posições em face do conhecimento.

Os temas gnosiológicos com o desenvolvimento da psicologia e da dialética avultaram de tal modo que hoje é uma disciplina imprescindível ao estudo da filosofia. Por sua vez, a criteriologia seria a própria teoria do conhecimento ou gnosiologia, na parte em que aprecia o valor dos nossos conhecimentos, quando ela enfrenta o tema principal e final, que é o da verdade.

Pela intelectualidade temos o conhecimento do singular (intuitivo-sensível) e o do geral (racional). A razão polariza seu conhecimento entre verdadeiro e falso, e o estrutura num método, que é a lógica. A intuição polariza-o entre o certo e o errado que é escalar. Enquanto a razão é, por natureza, excludente, a intuição tende a reunir.

A sensibilidade através das intuições sensíveis, e mais primariamente em sua lógica dos órgãos que são os instintos, é regional e tópica, na lógica dos reflexos, e nos dá também um conhecimento que ultrapassa o campo da consciência vigilante, o que interessa, sobretudo, aos psicólogos em profundidade, mas não deixa de ser tomado em consideração pelos estudiosos da filosofia. A polarização da sensibilidade em prazer-desprazer, em agradabilidade-desagradabilidade indica que, na formação dos esquemas estruturados, há a presença da agradabilidade, da desagradabilidade, ou da indiferença, esta implicando um equilíbrio entre ambas. Há, ainda, um conhecimento afetivo, a frônese. A afetividade polariza-se nos valores antitéticos ou simpatéticos, escalarmente, e permite um conhecimento vivencial, fronético.

A interatuação (reciprocidade) entre os aspectos funcionais e operatórios do nosso espírito, nos permite uma análise dialético-noética do nosso conhecimento, capaz de nos permitir captar todas as distinções deste, nem sempre presentes, devido às unilateralidades costumeiras dos que se colocam num dos polos fundamentais do nosso espírito, com a exclusão do outro. (2)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.