Fé. Em muitos textos filosóficos, os termos “crença” e “fé” são utilizados aproximadamente com o mesmo sentido. Assim, a expressão “creio para compreender” pode ser traduzido por “tenho fé para compreender”.

Fé. Uma fonte de conhecimento suprassensível ou uma apreensão direta (mediante a “intuição intelectual”) do real enquanto tal. Por outro lado, emprega-se “fé” na frase “tive de deslocar a razão para dar lugar à fé” que aparece em Kant. Deve-se observar que esse uso de “fé” em vez de crença é resultado de um simples costume terminológico. (1)

Fé. 1.º Sentido objetivo

A. Segurança válida que constitui uma garantia. “Fazer fé”; a fé dos tratados; linha de fé (de uma bússola)”.

B. Fidelidade a um compromisso; sinceridade (boa-fé).

2.º Sentido subjetivo

C. Confiança absoluta, quer numa pessoa, quer numa afirmação garantida por um testemunho ou um documento seguro.

D. Adesão firme do espírito, subjetivamente tão forte como aquele que constitui a certeza mais incomunicável pela demonstração. Sinônimo de crença no sentido C.

Este sentido é o mais frequente. Esta palavra é então oposta, de um modo geral, a saber. Quando se trata especificamente de fé religiosa, o termo usualmente oposto é razão.

Sobre — distinguia-se frequentemente no século XVII a fé divina (fé religiosa) e a fé humana, quer dizer, o fato de crer pelo testemunho dos homens: “Quando se crê em qualquer coisa baseado em testemunhos de outrem, ou é em Deus que se crê, então trata-se de fé divina, ou é no homem, tratando-se então de fé humana”. (2)

 

(1) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.

(2) LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.