Metáfora

Metáfora. Do latim metaphora, ae, transporte. É a mudança do sentido comum de uma palavra por outro sentido possível que, a partir de uma comparação subentendida, tal palavra possa sugerir.

Costuma-se distinguir a metáfora pura da metáfora impura. Metáfora impura: aquela em que os dois termos de comparação vêm expressos. Metáfora pura: aquela em que não está presente nenhum termo de comparação.

Esquematizando:

Essa mulher é perigosa qual uma cascavel = comparação.

Essa mulher é uma cascavel = metáfora impura.

Convivo com uma cascavel = metáfora pura. (1)

Metáfora. Aristóteles (Poética) cunhou a fórmula universal: "a metáfora é o aporte de um outro nome... segundo a analogia". Isto se aplica ao ato de falar que "aporta" em sentido figurado mental um nome para denominar alguma coisa. Aristóteles descreve o poder de fazer metáforas de modo supreendente: "isto não pode ser aprendido dos outros"; é o sinal da "vocação de detectar a semelhança (na diferença)". Aqui o grego se encontra com "a capacidade inata do gênio" de Kant. (2)

Metáfora. Figura retórica pela qual se faz uma comparação, utilizando-se uma palavra que denota uma coisa para representar uma qualidade definidora de outra. Segundo a definição de Aristóteles, a metáfora é uma "palavra usada com um sentido alterado". Ex.: uma raposa política; uma flor de pessoa; um mar de lama no palácio". (3) 

Metáfora. Mais explicação: metáfora significa transporte, ou seja, uma comparação abreviada. Quando dizemos que fulano de tal é valente como um leão, temos uma comparação. Ao dizermos, porém, que fulano de tal é um leão, retirando valente como, temos a metáfora. Ainda: ao usarmos as palavras estradas, encruzilhadas, caminhos tortuosos, estamos nos referindo à metáfora de percurso.

A mais importante figura de estilo, em que um assunto (por vezes chamado teor) é referido por um termo ou frase (veículo) que não o descreve literalmente: o cogumelo nuclear, a luz da fé etc. Os problemas filosóficos relativos à metáfora incluem a questão de saber como se deve estabelecer a divisão entre o significado literal e o significado metafórico (Nietzsche, por exemplo, considerava que a verdade literal não era mais do que uma metáfora morta ou fossilizada); como conseguimos interpretar as metáforas com a rapidez e a certeza com que frequentemente conseguimos fazê-lo, e se as metáforas podem por si mesmas ser veículos de compreensão, ou se devem apenas ser vistas como meros remetentes para verdades e falsidades literais acerca do assunto em questão. (4)

Metáfora. Figura de  linguagem que sugere uma analogia. Exemplos: "o tecido da sociedade" (estrutura social), "a circulação das elites" (revolução), "o significado da ação" (o alvo da ação). Peculiar à poesia, ao pensamento arcaico, ao discurso político sob a tirania, e às lucubrações pós-modernas. Uma concepção outrora influente é que as teorias científicas são mais metáforas do que descrições literais dos fatos. Este ponto de vista é falso porque (a) metáforas podem ser substituídas por expressões literais; e (b) enquanto as teorias científicas são testáveis no tocante às suas verdades, as metáforas, no melhor dos casos, são sugestivas, e no pior deles causam confusão. (5)

(1) OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual Compacto de Redação e Estilo: Teoria e prática. São Paulo: Rideel, 1999.

(2) LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003. 

(3) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(4) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

(5) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)