Meio-Termo

Meio-Termo. Em muitos sistemas éticos o caminho correto é apresentado como aquele que alcança um meio-termo feliz. Não se desvia para um lado nem para o outro, representando antes a moderação, a harmonia, o equilíbrio e a capacidade de evitar os pontos fracos de ambos. A doutrina aristotélica do meio-termo representa todas as virtudes como um equilíbrio entre os vícios do excesso e os do defeito. O homem que tudo teme é um covarde, mas o homem que nada teme é precipitado. O homem que se permite todos os prazeres é autocomplacente, mas o homem que não se permite nenhum é um bárbaro. Uma ideia parecida estava já presente no Filebo de Platão e deriva de Pitágoras. A doutrina é além disso muito importante para o  confucionismo. Nos Analetos, Confúcio descreve a vida harmoniosa como uma vida que evita os excessos e as faltas, e na qual a sabedoria é obtida tanto por idosos como por jovens, assim como por pessoas de todas as condições. K'ung Chi, o neto de Confúcio, escreveu uma obra intitulada Chung Yung, ou o meio do equilíbrio e da harmonia. A obra anônima A doutrina do meio-termo foi o texto básico para os exames da função pública na China, de 1313 a 1905. Na obra budista Sistema da via intermediária, o princípio repudia tanto o ascetismo exagerado como o hedonismo fácil. A expressão "áurea mediania" vem do poeta latino Horácio, cuja aurea mediocritas é descrita nas Odes 2.10.5. (1)

(1) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.