Estoicismo

Estoicismo. Apregoava a vida contemplativa acima das ocupações, das preocupações e das emoções da vida comum. seu ideal, portanto, é de ataraxia ou apatia.

Corrente filosófica predominante na Antiguidade clássica durante mais de cinco séculos (300 a.C. - 200 d.C.) e que sobreviveu, de vários modos, na cultura ocidental até aos nossos dias. O nome deriva da Stoa paikile (pórtico ornado com as pinturas de Polignoto) de Atenas, local em que Zenão, seu fundador, começou a ensinar. (1) 

Estoicismo. A doutrina estoica que retém do cinismo a ideia de que a felicidade reside na independência com relação a qualquer circunstância exterior, é uma criação coletiva. O antigo estoicismo tem origem com Zenão de Citium (325 - 264 a.C.), cipriota que veio a Atenas, onde, após ter sido aluno de um filósofo cínico, ensinava sob um pórtico, daí o nome de estoicismo ou Filosofia do pórtico.

Vivendo em harmonia com a razão, ou seja, com a natureza, o sábio estoico irá encontrar a paz da alma (ataraxia) afastando dele tudo o que poderia perturbá-lo, essencialmente as paixões consideradas como movimentos antinaturais, doenças da alma. A verdade - que repousa precisamente na ausência de paixão, ou apatia - implica um domínio comum da vontade e do julgamento para aceitar o destino mostrando-se desapegado com relação às coisas e aos homem, como afirmou com presteza os estoicos romanos.

A sabedoria estoica teve uma imensa influência através dos séculos: os temas saídos do estoicismo inspiraram, além de grandes escritores - Montaigne, Corneille, A. de Vigny, Maeterlinck -, filósofos entre os quais Descartes, Kant. Observemos finalmente que a moral estoica teve uma repercussão considerável na ética cristã, inclinando-a, às vezes, no sentido da severidade principalmente em matéria de sexualidade. (2) 

Pórtico. Seita filosófica dos estoicos, cujo chefe, Zenão, ensinava debaixo de um pórtico de Atenas. (Do lat. portico, fem. Mudou de gênero por causa da terminação). (3)

Estoicismo. Doutrina que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais, bem assim a insensibilidade perante as paixões. Para os estoicos, o mais importante é o encontro da tranquilidade espiritual. "O primeiro imperativo ético é viver de acordo com a natureza, isto é, conforme a razão, pois o natural é racional. A felicidade consiste na aceitação do destino e no combate contra as forças da paixão, que produzem intranquilidade. Resignando-se ao destino, o homem resigna-se também à justiça, pois o mundo, sendo racional, é também justo. Mas, apesar da teoria da resignação, muitos estoicos exerceram severa crítica social e política." (4)

Estoicismo. Filosofia lógica, física e moral unificada, batizada em nome do stoa poikité, o pórtico pintado de Atenas, local onde a doutrina estoica era ensinada. O primeiro estoico conhecido foi Zenão de Cício, que fundou a escola por volta de 300 a.C. Cleantes de Assos e Crisipo de Soles foram alguns dos primeiros estoicos. Os estoicos do período intermediário, entre os quais se contavam Panécio de Rodes e Posidônio de Apameia (c.135-c.51 a.C.), foram responsáveis pela introdução do estoicismo no mundo romano, onde teve um efeito considerável. O estoicismo do último período foi romano e Epiteto, Sêneca e o imperador Marco Aurélio foram alguns de seus membros mais ilustres. Como defensores de um sistema filosófico, travaram batalhas contínuas, em especial contra os filósofos céticos da Academia.  

A epistemologia estoica baseava-se na phantasia kataleptikê ou percepção apreensiva. Para que possa ser verídica, uma percepção tem de obedecer a certas condições (clareza, assentimento comum, probabilidade e sistema), que foram atacadas de diversas maneiras pelos seus oponentes, os céticos. Segundo a cosmologia dos estoicos, firmemente determinista e ordenada, o curso eterno das coisas passa por ciclos criativos regressivos (ver eterno retorno), obedecendo ao princípio criativo ou logos spermatikos. As demonstrações estoicas da existência de Deus centravam-se em versões do argumento do desígnio (daí o nome de Cleantes nos Diálogos sobre a religião natural de Hume).

O ponto crucial da filosofia estoica era uma ética do consolo através da identificação com a ordem moral imparcial e inevitável do universo. É uma ética da serenidade autossuficiente e benevolente, em que a paz do homem sábio o deixa indiferente à pobreza, à dor e à morte, assemelhando-se assim à paz espiritual de Deus. Tal força de caráter e indiferença podem parecer sublimes, mas também soam como pura insensibilidade. Como Adam Smith afirma, “É natural que os acontecimentos que afetam de forma imediata esse pequeno departamento no qual nós somos responsáveis por alguma gestão e direção [...] sejam aqueles que mais nos interessam, e aqueles que primariamente excitam os nossos desejos e aversões, esperanças e receios, alegrias e tristezas” (Teorias dos sentimentos morais, VII 2.1). Ao estar acima de tudo isso, o estoico é também menos humano, e a procura da indiferença estoica torna-se uma celebração da apatia (ver também moral centrada sobre o agente). Contudo, o tipo de ética grega, geralmente individualista, acaba por ser amenizada no estoicismo pela necessidade de reconhecer a chama criativa de cada indivíduo, o que dá ao estoico o dever de promover uma ordem política e civil que espelhe a ordem do eterno criado. (5) 

Estoicismo. Escola filosófica fundada por Zeno de Cítio (a. C. 380), que teve como seguidores Cleanto, Crisipo, Epicteto, Marco-Aurélio, Sêneca, entre outros. Para os estoicos é a virtude o único bem e o homem virtuoso é o que pode atingir a felicidade, que é também uma tese socrática. O homem que alcança a felicidade é independente e liberto das coisas exteriores. É aquele que alcança o pleno domínio de si mesmo, isto é, que sofreia as suas paixões e as suas emoções. A concepção do universo dos estoicos é panteísta (vide Panteísmo). Tudo quanto há e existe obedece a uma Razão do Mundo, que é a ordem racional do universo. O homem sábio, para os estoicos, e também virtuoso, é o que segue essa lei racional, regulando por ela a sua vida. (6)


(1) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.] 

(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993 

(3) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]

(4) EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987. 

(5) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

(6) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.