In Medio Stat Virtus. 1) Este aforismo sublinha um aspecto importante da virtude moral (menos propriamente da virtude intelectual; e não da teologal), a saber: o seu equilíbrio ou "exatidão". A ação virtuosa, ou moralmente boa, diz-se estar "no meio" relativamente a todo e qualquer extremo ou excesso que, precisamente por o ser, a impediria de ser boa. A virtude leva portanto a ação certa (como a boa solução de um problema), à ação que "acerta" (como a flecha "no meio do alvo).
2) O "meio" da virtude nada tem portanto a ver com mediania ou mediocridade; não indica uma via fácil ou de compromisso. É antes o caminhar pelas cumeadas, sem cair para nenhum dos abismos laterais, o encontrar a solução verdadeira, "no meio" da infinidade de respostas erradas possíveis. O que é fácil é perder o equilíbrio, desviar-se, errar, e não o contrário.
3) Outro ponto importante a notar: o "meio" virtuoso umas vezes é "objetivo" (no caso da virtude da justiça), outras "subjetivo", dependente das condições da pessoa em questão (caso das demais virtudes). Assim, a "medida" do que se deve a um credor é independente das disposições subjetivas, ao passo que a da temperança no comer, a do arrojo no empreender etc., não; o que, nestes campos, seria excessivo para alguns poderá ser insuficiente para outros e "exato", virtuoso, para outros. (1)
(1) LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.