Preconceito

Preconceito. Do latim prejudicium, julgamento prévio. 1. Julgamento, favorável ou não, formado de antemão, a partir de certas circunstâncias, fatos, aparências. 2. Ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem exame crítico, ponderação ou razão. (1)

Preconceito. Designa um julgamento prévio rígido e negativo sobre um indivíduo ou grupo. As conotações básicas incluem inclinação, parcialidade, predisposição, prevenção. No uso moderno, o termo veicula muitos significados variantes. Comuns à maioria deles, contudo, são as noções de julgamento prévio desfavorável efetuado antes de uma exame ponderado e completo, e mantido rigidamente mesmo em face de provas que o contradizem. (2)

Preconceito. O que foi concebido antes. Antes do quê? Antes de ter pensado verdadeira e adequadamente no assunto. É o nome clássico e pejorativo da opinião, especialmente em Descartes, na medida em que esta é preconcebida. A força dos preconceitos se deve ao fato de que “todos nós fomos crianças antes de sermos homens” e começamos a pensar muito antes de saber raciocinar (se é que sabemos). O remédio, segundo Descartes, é a dúvida e o método mas forçoso é constatar que o cartesianismo dará razão, no fim das contas, à maioria dos preconceitos de sua época. Não é por ser homem, e mesmo um grande homem, que se deixa de ser criança. (3)

Preconceito. Opinião ou crença admitida sem ser discutida ou examinada, internalizada pelos indivíduos sem se darem conta disso, e influenciando o seu modo de agir e de considerar as coisas. O preconceito é constituído assim por uma visão de mundo ingênua que se transmite culturalmente e reflete crenças, valores e interesses de uma sociedade ou grupo social. O termo possui um sentido eminentemente pejorativo, designando o caráter irrefletido e frequentemente dogmático dessas crenças, que se revestem de uma certeza injustificada. Ex.: “o preconceito racial”. Entretanto, é preciso admitir que nosso pensamento inevitavelmente inclui sempre preconceitos, originários de sua própria formação, sendo tarefa da reflexão crítica precisamente desmascarar os preconceitos e revelar sua falsidade. (4)

Preconceito. Num sentido corrente, um preconceito é, enquanto pré-conceito, um conceito prévio ao (ou antes do) conhecimento adequado ou cabal de uma coisa. Supõe-se que se trata de alguma ideia, algum sentimento ou alguma crença que formam um conceito antes do conceito, isto é, que determina o conceito que se formula. Na maioria dos casos, os preconceitos não são percebidos pelos que julgam.

Tem sido muito comum na filosofia considerar que os preconceitos constituem um obstáculo para o reto entendimento do que se trata de julgar, seja para enunciar o que é seja para declarar que valor ou falta de valor tem. Supôs-se, portanto, que é necessário descartar, eliminar ou dissolver os preconceitos, o que muitas vezes parece poder conseguir-se dando conta de sua existência.

Alguns filósofos, como Descartes, queriam eliminar os pressupostos. Vários filósofos consideraram que é impossível livrar-se de preconceitos, razão pela qual o conhecimento, o conhecimento adequado é responsável. Outros filósofos consideram que os preconceitos podem ter uma função no conhecimento, mas com o fim de eliminar o sentido pejorativo que tem o termo “preconceito”. Falaram de pressupostos básicos, princípios do senso comum e inclusive ideias inatas. (5)


(1) DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO LAROUSSE. São Paulo: Larousse, 2007.

(2) OUTHWAITE. W. e BOTTOMORE, T. Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro, Zahar, 1996.

(3) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(4) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(5) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.