Evolução

Evolução. Etimologicamente, o termo evolução, significa desenvolvimento, volver para fora o que já está contido em algo. Nesse sentido, evolução seria o desenvolvimento pela atualização das possibilidades, das potências já inclusas virtualmente em algo. Assim, o germe evolui até alcançar o indivíduo acabado. (1) 

Evolução. A essência do significado do termo evolução é a de desenvolver, desenrolar, ou desdobrar, designando assim movimento de natureza metódica que gera novas espécies de mudanças. Mais especificamente designa o processo de mudança através do qual algo novo é produzido de tal modo contínuo, que a identidade ou individualidade do objeto original não seja violada. (2) 

Evolução. Segundo o Espiritismo, evolução é impositivo da Lei de Deus, incessante, inquestionável. Nessa Lei não existe o repouso, o letargo de forças, a inércia. Por toda parte e sempre o impositivo da evolução, o imperativo do progresso. (3)

Evolução (évolution). A transformação, frequentemente lenta e, em todo caso, progressiva, de um ser ou de um sistema: opõe-se à permanência (ausência de mudança) e à revolução (uma mudança brusca e global). O vocábulo deve muito de seu sucesso, a partir do século XIX, às diferentes teorias da evolução (especialmente a de Darwin, ainda que este último utilize o termo com reticência), que visavam explicar a origem e o desenvolvimento das espécies vivas. Esse exemplo privilegiado mostra que uma evolução pode se dar de maneira descontínua e casual (as mutações); ela supõe, no entanto, a continuidade, ainda que relativa e reconstruída posteriormente, de um processo. "Ninguém chamará de etapas evolutivas as transformações observadas num caleidoscópio", observa o Lalande. Não é, porém, que cada um desses movimentos seja irracional ou sem causa; mas é que a série deles parece sem lógica, sem continuidade, sem orientação. Equivale a dizer que as mutações, por si sós, não bastariam para falar de evolução das espécies: são necessárias, além disso, a seleção natural e a aparente finalidade que ela acarreta. Daí que a evolução, que avança rumo a etapas cada vez mais complexas ou diferenciadas, se opõe à involução, que regride para o mais simples, o mais homogêneo ou o mais pobre. O crescimento, para o indivíduo, é uma evolução; o envelhecimento, uma involução. (4)

Evolução. Designa a ação e o efeito de desenrolar-se, desdobrar-se, desenvolver-se algo. A ideia ou imagem que "evolução" suscita é a do desenrolar, do desenvolvimento de algo que estava enrolado, dobrado ou envolvido. Uma vez desenvolvido ou desenrolado, uma realidade pode reenvolver-se, redobrar-se. Além da citada ideia ou imagem de desenvolvimento do envolvido, encontramos em "evolução" a ideia de um processo ao mesmo tempo gradual e ordenado, diferentemente da revolução, que é um processo de desenrolar súbito e possivelmente violento. 

O processo em questão pode, em princípio, afetar qualquer realidade. Não são as ideias ou os conceitos que propriamente evoluem: antes evoluem as atitudes e as opiniões sobre tais ideias e conceitos. Uma ideia ou um conceito podem conter certos elementos que se manifestam apenas sucessivamente. Porém é mais adequado dizer que a ideia ou o conceito vão explicitando o que neles se encontrava implícito, e que nessa explicitação o importante não é o processo temporal, mas a passagem do menos específico para o mais específico, dos princípios para as consequências... Para alguns misticos do final da Idade Média e do Renascimento, por exemplo, a palavra explicatio designa a manifestação ou automanifestação de uma realidade: a explicatio Dei (Nicolau de Cusa) é equivalente à teofonia. Por outro lado, alguns autores tomaram o conceito de evolução em um sentido metafísico, como desenvolvimento de uma realidade ou, melhor, da Realidade. Um exemplo dessa tendência é a filosofia de Hegel, para o qual o real é des-envolvimento. (5)

Evolução. A evolução é a série de modificações graduais e contínuas suscetíveis de reger o mundo físico (e cosmológico), o dos vivos ou, ainda a sociedade. O princípio da evolução que se baseia - de acordo com as concepções -, quer no acaso, quer numa lei que imprime uma certa direção, não implica necessariamente o julgamento de valor positivo que se encontra na maioria das vezes na noção de progresso. Em virtude de uma "progressão ininterrupta" (d'Holbach), o evolucionismo, ou lei da evolução, que organiza o conjunto dos seres (matéria, espírito, sociedade) é sustentado sobretudo por Spencer no século XIX. Deve, segundo esse autor, inspirar as condutas dos sábios em todas as ciências. Recusando o evolucionismo mecanicista de Spencer, Bérgson o substitui pela tese da evolução criadora e do impulso vital. A doutrina da evolução no plano estritamente biológico procede do transformismo. (6)

Figura: sinonímia 

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965. 

(2) Dicionário de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, FGV, 1986. 

(3) EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.  

(4) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2011.

(5) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.

(6) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.