Aparência
Aparência. Do latim apparentia. 1. Aspecto exterior de alguma coisa. 2. Coisa que parece mas não é; ficção, mostra enganosa. 3. Verosimilhança, probabilidade. 4. Filos. Conhecimento imediato de uma coisa através do que nos chega pelos sentidos, a que atribuímos apenas um valor aproximado. (1)
Aparência. 1. O que aparece na superfície das coisas, por oposição ao que reside na profundidade. 2. Aspecto satisfatório ou agradável de se ver: só se preocupa com a aparência. 3. Pej. Indício enganoso: só tinha olhos para a aparência dos fatos. 4. Engano, ilusão: seu amor pela irmã era pura aparência. SALVAR AS APARÊNCIAS. Loc. Disfarçar ações equivocadas ou suspeitas. (2)
Aparência. O que se depara à primeira vista, o que aparece exteriormente, o que fere os sentidos. O que o espírito imagina, sem que nem sempre lhe corresponda a realidade. Aparentava trinta anos, mas tinha cinquenta. Disfarce: sob a aparência de mendigo, conseguiu entrar na cidade sitiada. O casal estava desavindo, mas na sociedade salvam as aparências. (3)
Aparência. Na história da filosofia, esse termo teve dois significados diametralmente opostos. 1.º ocultação da realidade; 2.º manifestação ou revelação da realidade. No 1.º significado a aparência vela ou obscurece a realidade das coisas, de tal modo que esta só pode ser conhecida quando se transpõe a aparência e se prescinde dela; no 2.º significado, ela se mostra. No 1.º significado conhecer significa libertar-se das aparências; pelo 2.º significado conhecer significa confiar na aparência, deixá-la aparecer. No primeiro caso, a relação entre aparência e verdade é de contradição, oposição; no segundo, é de semelhança ou identidade. Esses dois significados intrincam-se ao longo da história da filosofia. (4)
Aparência. Do ponto de vista ontológico, a denúncia das aparências como enganadoras remonta a Sócrates e Platão, e ulteriormente colocou-se à ciência a questão de saber se existe de fato um "afastamento" entre o que nos parece real e esse próprio real. Ao propor a denominação de fenômeno ao que se manifesta do mundo para nós, Kant fez cair em desuso o emprego metafórico do termo aparência - que conserva hoje em dia a apresentação de um objeto admitido como diferente do que o último é na realidade. Cf. ilusão. (5)
Aparência. (do lat. parere, chegar à, aparecer). a) Aspecto de uma coisa como ela se oferece.
b) Aparência externa, como oposta à verdadeira realidade.
c) Parecença que tem fundamento real, mas apenas parcial que, por outro lado, opõe-se simultaneamente à realidade.
d) Aparência como sinônimo de fenômeno; sentido semelhante à acepção c, mas com uso filosófico especial, particularmente definido por Kant como sendo a apresentação de um objeto, enquanto considerado diferente da coisa em si. Vide Acidente.
e) Originariamente nenhuma oposição implica à realidade. Só depois da experiência universal de que as coisas, quando examinadas minuciosamente nas "aparências" sucessivas, provam-se diferentes "na realidade" do que pareciam à primeira vista, o termo adotou este sentido pejorativo, opondo-se à realidade e à verdade. (6)
(1) Enciclopédia Barsa Universal.
(2) Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse.
(3) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].
(4) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
(5) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
(6) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.