Antropocentrismo

Antropocentrismo. Do grego anthropos, homem, e do latim centrum, centro. Concepção que situa e explica o homem como o centro do universo e, ao mesmo tempo, como o fim segundo o qual tudo o mais deve estar ordenado e a ele subordinado: "O homem é a medida de todas as coisas" (Protágoras). (1)  

Antropocentrismo (anthropocentrisme). É colocar o homem no centro, não dos valores, como faz o humanismo, mas dos seres: porque o universo teria sido criado só para nós ou giraria em torno de nós. É uma noção tão fácil de compreender, de um ponto de vista psicológico (é como um narcisismo da espécie), quanto é difícil, de um ponto de vista racional, de aceitar. Por que esse privilégio exorbitante da humanidade? Ele requer o socorro da religião, que é um antropocentrismo paradoxal (o verdadeiro centro continua sendo Deus), ou do criticismo, que é um antropocentrismo gnoseológico. A "revolução copernicana" que Kant nos propõe, na verdade é uma contra-revolução: trata-se de trazer o homem de volta ao centro, de onde os progressos das ciências o haviam banido. No centro dos seus conhecimentos, claro, pelo transcendental; mas também no centro da criação (como seu objetivo final), pela liberdade. Era aceitar as luzes sem renunciar à fé. A questão "o que é homem", dizia Kant, é a questão central da filosofia, à qual todas as outras se reduzem. Vejo nisso um antropocentrismo filosófico e uma forte razão para não ser kantiano. (2) 

Antropocentrismo. Doutrina que coloca o homem como centro de todo universo, e considera o bem da humanidade como princípio e fim de todas as coisas. (3)


(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2011.

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.