Fundamento

Fundamento. Comporta várias significações, tais como: origem, princípio, raiz ou razão de ser, finalidade, sentido etc. (v. fundamentalismo) (1)

Fundamento. Princípio em que repousa de fato uma ordem de fenômenos. Princípio em que repousa de direito um sistema de asserções ou de regras, i.é., que as torna legítimas do ponto de vista lógico, moral ou jurídico. (2)

Fundamento. Causa no sentido de razão de ser. Aristóteles diz: “Acreditamos conhecer um objeto de maneira absoluta – não acidentalmente ou de modo sofístico – quando acreditamos conhecer a causa por que  a coisa é e acreditamos conhecer que ela é causa da coisa e que esta não pode ser de outra maneira”. Nesse sentido, causa é razão, logos, pois não só permite compreender a ocorrência de fato da coisa, mas também o seu “não pode ser de outra maneira”, sua necessidade racional. (3)

Fundamento. Termo a princípio utilizado em arquitetura: aquilo sobre o que repousa a construção. Daí, em filosofia, aquilo sobre o que repousa uma certa ordem ou conjunto de conhecimentos. 

O que dá a algo sua razão de ser: nesse caso, o termo tem um forte valor de aprovação e, por contraste, o que não tem fundamento parece ilegítimo. 

Proposição mais geral ou mais simples; conjunto de proposições gerais e simples, de onde se pode deduzir um campo de conhecimento. Nesse caso, é sinônimo de princípio: fala-se desse modo em matemática, dos fundamentos ou princípios de um sistema hipotético-dedutivo para nele designar o axiomático. 

É nesse sentido que se deve igualmente compreender o titulo de Kant: Fundamentos da Metafísica dos Hábitos (1785), esboço da Crítica da Razão Prática que, partindo de uma observação fenomenológica dos hábitos tais como existem, pretende “buscar  e estabelecer exatamente o princípio supremo da moralidade”. (4)

Fundamento. Em epistemologia, a fonte, raiz ou base de todo conhecimento. Embora cada projeto de pesquisa comece a partir de algum corpo de conhecimento que não questiona, algumas destas proposições podem ser contestadas em diferentes projetos. Assim, há fundamentos, mas não são necessariamente finais. (5) 

Fundamento. a) Na lógica considera-se fundamento a prova justificativa de um juízo cognoscitivo ou estimativo (de valor) quer obtido por evidência imediata, quer por raciocínio indutivo, etc.

b) Na psicologia são os motivos que justificam uma conação, uma resolução volitiva.

c) Na lógica são os primeiros princípios que sustentam as provas.

d) Por sua vez é fundamental o que, pelos seu sentido axiológico, é de importância principal o que é básico, o essencial, o que constitui a natureza da coisa. (6)


Figura: sinonímia

(1) CORBISIER, R. Enciclopédia Filosófica. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.

(2) CUVILLIER, A. Pequeno Vocabulário da Língua Filosófica. São Paulo: Nacional, 1961.

(3) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(4) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(5) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(6) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.