Definição

Definição. Consiste em determinar a compreensão que caracteriza um conceito. Segundo Aristóteles, a essência de uma coisa compõe-se do gênero e das diferenças. De onde a regra escolástica segundo a qual a definição se faz  "per genus proximum et differentiam specificam” (pelo gênero próximo e diferença específica). Assim, Definir, segundo a lógica formal, é dizer o que a coisa é, com base no gênero próximo e na diferença específica. (1)

Uma definição não pode conter nada mais e nada menos do que deseja conceituar ou significar. Sabemos se peca pelo excesso ou por deficiência quando a convertemos (na inversão dos termos). Suponha uma pergunta sobre a definição do ser humano. E que definíssemos assim: o homem é um animal mortal.

Ora, isso é verdade, mas nem por isso deverá ser aceito nestes termos. Basta acrescentar a palavra todo e fazer a conversão para verificar se é verdadeira definição do ser humano. Todo o animal mortal é homem - isso não é verdadeiro. A definição deverá ser repelida por incluir algo estranho ao ser humano, pois nem somente o homem é animal mortal, todo animal irracional também é.

Completa-se a definição, acrescentando a palavra racional. Todo homem é animal mortal racional. Da mesma forma, todo animal mortal racional é homem. (2) 

Definição. A definição é o oposto da descrição, porque, enquanto nesta enumeramos o que aparece, surge de uma coisa, na definição apenas se enunciam os atributos e as qualidades próprias e exclusivas das coisas, de modo a distingui-las, totalmente, das outras. Para dizer-se o que uma coisa é, temos que nos referir ao que já sabemos, e a primeira providência é dizer de que ela é feita, seu gênero, depois o pelo qual ela é o que ela é, e não outra coisa, o que a diferencia especificamente das outras, diversas que ela. Por isso, na lógica aristotélica, a definição é aquela operação do espírito, que consiste em determinar o conjunto de notas à compreensão, que caracteriza o objeto; ou seja, o gênero e a diferença específica do mesmo. O gênero é o de que a coisa é feita, e a diferença específica o pelo qual ela é o que é e não outra coisa. A definição é, assim, um juízo determinativo, de máxima determinação. O homem, genericamente, é animal; daí a clássica definição: o homem é um animal racional. Tem em comum com os outros animais a animalidade. Filosoficamente considerado, é ele um animal, que dos outros se distingue por ser racional. Longa é a polêmica em torno dos fundamentos da definição, e a que acima demos é um exemplo de definição formal, também chamada metafísica, porque apenas aponta os aspectos formais. Apesar das diversas contribuições feitas por lógicos modernos ela continua encontrando a sua melhor expressão na definição formal clássica, que é equacional, e que permite uma reversão, pois ao dizermos que o homem é um animal racional, podemos inverter, dizendo que o animal racional é homem. (3)

(1) LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993. 

(2) AGOSTINHO, Santo. Sobre a Potencialidade da Alma (De Quantitate Animae). Tradução de Aloysio Jansen de Faria. 2.ed., Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.