Filosofia

Filosofia. Ciência geral dos princípios e das causas. Podemos determinar o campo da filosofia moderna subtraindo ao domínio do que os gregos chamaram filosofia todas aquelas espécies de conhecimento que foram construindo como ciências positivas, isto é, de caráter experimental e com aplicação da matemática. (1)

Filosofia é a busca compartilhada da verdade. É a busca do entendimento racional do tipo mais fundamental.

Metafilosofia. Teoria sobre a natureza da filosofia. (2)

Filosofia é a aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego (3) 

Filosofia. a. A disciplina que estuda os conceitos mais gerais (tais como os de ser, vir-a-ser, mente, conhecimento e normas) e as hipóteses mais gerais (tais como as de existência autônoma e a cognoscibilidade do mundo externo). Ramos básicos: lógica (partilhada com a matemática), semântica (parcialmente partilhada com a linguagem e a matemática), ontologia e epistemologia. Ramos aplicados: metodologia, praxiologia, ética e todas as filosofias de antônimos, gnosofobia.  b. A filosofia exata é a filosofia construída com a ajuda de ferramentas formais tais como a lógica, a teoria dos conjuntos e a álgebra abstrata. As vantagens da filosofia exata são a clareza e a faculdade de sistematização e dedução. (4)

Filosofia. Filosofia é o amor pela sabedoria e pela busca do conhecimento. "Só se pode apreender filosofia filosofando." (Kant)

A filosofia nasce quando o homem desafia o insólito, aceita a dúvida, questiona suas certezas e suas crenças ou quando é capaz de ver algo de outra perspectiva. A atitude básica e fundamental para despertar para a filosofia é a curiosidade. 

A filosofia é mais uma atividade do que um conjunto de saberes. "A filosofia não é nenhuma doutrina, mas sim uma atividade." (Wittgenstein, Tractatus Logico-Filosoficus) (5)

Figura: sinonímia

Filosofia. (do gr. philos, amante, e sophia, saber). Diz-se que Pitágoras, perguntado sobre o que era, numa época em que muitos se chamavam de sophoi (pl. de sophos, sábio), respondeu: "Sou um amante do saber (philosophos), um amante do conhecimento, o que revelava uma humildade sublime." Deste modo, cunhou-se a palavra philosophia.

Há um saber comum e um saber especulativo, procurado, buscado. O primeiro, o vulgar, chamavam os gregos de doxa, que significa opinião, e o segundo de epistéme, que é o saber especulativo, conforme a divisão proposta por Platão. Desta forma, a filosofia não era apenas o saber, nem um amor à sabedoria, mas um saber procurado, buscado, guiado, que tinha um método para ser alcançado, que era reflexivo. A filosofia assim perdia em extensão, já que não abrangia todo o saber, mas ganhava em conteúdo, pois delimitava-se, precisava-se mais, tornava-se um saber teórico, reflexivo, especulativo, um saber culto, que quer conhecer o que a realidade é. A filosofia, como saber racional, saber reflexivo, saber adquirido, é o conceito de Platão e de Aristóteles, mas este lhe acrescentou maior volume de conhecimentos. Para ele era todo esse saber e incluía, também, o que hoje chamamos ciência. Assim, era a totalidade do conhecimento humano, do saber racional.

Na Idade Média continua predominando este sentido, mas a ideia central de Deus polariza a filosofia. Desta forma é ela a totalidade dos conhecimentos adquiridos pela luz natural ou pela revelação divina. Os conhecimentos acerca de Deus e do divino separaram-se dos outros e formam a teologia, que encerrava a soma dos conhecimentos sobre o divino; e a filosofia, os conhecimentos humanos acerca das coisas da natureza. No século XVII afastam-se dela as chamadas ciências particulares com objetos e métodos próprios, que a pouco e pouco vão adquirindo uma especialização cada vez maior, para constituírem-se em novas disciplinas independentes. Mas a filosofia permanece, no entanto, no corpo da ciência e forma uma síntese específica desta. Por exemplo, na matemática há uma filosofia da matemática, que estuda as ideias de número, de extensão, de tempo e de espaço matemáticos, como há uma filosofia da físico-química, que tem por objeto as ideias de força, substância, energia, extensão, extensidade e intensidade.

O homem, quando começou a filosofar, fê-lo ainda sem saber claramente o que era a filosofia. Só a posterior análise permitiria que compreendesse melhor a diferença entre os juízos que formulava em face dos fatos. Só quando distinguiu um juízo de gosto, meramente subjetivo, de um juízo de valor, e este de um de existência e de um ético, poderia penetrar na significação mais ampla do que é "valor", como também estar apto a fazer uma melhor análise de seu espírito, do funcionamento do mesmo em suas polarizações intelectuais e afetivas. Alcançado este ponto, a análise do conceito e de seus conteúdos, do conhecimento como resultado de um processo de cooperação entre o sujeito e o objeto, levá-lo-á a captar o que é a frônese e seus conteúdos, os fronemas, como um "conhecer" afetivo, em que a relação sujeito x objeto é diferente da primeira.

Na filosofia ocidental, que é especificamente especulativa, marcantemente autotélica (de autos, gr., si mesmo, e telos, fim, isto é, que tem o fim em si mesma), a especulação é desinteressada, não tem um fim fora de si, não é realizada como meio para obter isto ou aquilo. Quando uma criança com argila faz bonecos, ela brinca (e o brinquedo é autotélico). Quando o oleiro com a argila faz vasos e os destina à venda, com finalidade econômica, sua atividade é heterotélica (de heteros, gr., outro, que tem o fim em outro). Sua ação é interessada.

Divide-se a filosofia em filosofia teorética ou especulativa e filosofia prática, que é dominada pelos valores, pelo axioantropológico, que traz a influência das apreciações humanas, valorizações e desvalorizações, que modificam a realidade. A primeira tende para o estudo objetivo, independente das influências axiológicas e dedica-se ao exame do real e do lógico. O real é examinado duplicemente: o real que ultrapassa os nossos meios de experiência sensível, os transfísicos, os metafísicos, e temos a metafísica fundamental, a crítica, na busca da verdade, a aporética, no exame das dificuldades teóricas, a metafísica especulativa ou ontologia, a henótica, a teologia natural, a axiologia, ciência dos valores e a timologia a ela subordinada, a meontologia, de nossa criação, e a teodiceia. No exame da natureza, temos a cosmologia anorgânica, a cosmologia biológica, zoológica, a antropológica, a noologia, a esquematologia, que pertence à psicologia especulativa ou metafísica. O estudo teórico e especulativo dos entes de razão ou lógicos, nos leva às seguintes disciplinas: lógica geral, dialética, como totius logicae, lógica especial, como a da matemática, das ciências naturais, das ciências espirituais ou culturais, da simbólica.  

A filosofia prática, de influência axioantropológica, é a que se dedica à ação humana, como a filosofia da religião, a ética, na qual se incluem a é tica Geral, a ética especial, e também a ética individual e a social (sociologia). No exame das realizações humanas, da parte factiva do homem, nas suas atividades externas, temos a filosofia da cultura, e como disciplinas especiais, a filosofia das línguas, das artes (estética), da técnica, da economia, da moral, do direito, da educação, etc. (6)

(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(3) Adaptado de cefetgo.br

(4) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(5) Enciclopédia Barsa Universal.

(6) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.



&&&

Filosofia Analítica. No sentido amplo, a abordagem filosófica que envolve a análise conceitual. Trata-se de uma abordagem e não de uma doutrina. No sentido restrito, o exame do uso de locuções e palavras da linguagem comum bem como de alguns problemas filosóficos à luz da sabedoria popular. Sin. filosofia linguística, filosofia da linguagem comum, filosofia oxfordiana, filosofia wittgensteiniana. (1)

Filosofia Barroca. Forma retórica (vazia e enrolada) de filosofar que se especializa em mini problemas e pseudoproblemas. (1)

Filosofia da Ciência. O estudo da natureza da ciência, suas diferenças de outros modos de conhecimento, suas pressuposições filosóficas, e os problemas filosóficos que levantam. Exemplos de sua problemática: O que é ciência e como é que ela difere do conhecimento comum? Quais são os elementos comuns e as diferenças entre ciência e tecnologia? Quais são as marcas da pseudociência? Como é que as teorias científicas relacionam a realidade e a experiência? Pode a ciência ir além dos fenômenos e das relações entre eles? É possível descrever as coisas reais nos mínimos detalhes e com perfeita precisão? O que são leis científicas e explicações científicas? Há saídas para os dilemas racionalismo-empirismo e individualismo-coletivismo? Pode a filosofia ter um papel construtivo na pesquisa científica? Está a ciência moralmente comprometida? Há limites para o avanço da ciência? (1)

Filosofia da Ciência Social. Investigação das problemáticas filosóficas levantadas pela pesquisa social. Amostra: Que tipo de coisa é a sociedade: fictícia ou real, espiritual ou material? Há uma saída para o dilema individualismo-holismo? Ha leis sociais ou apenas tendências temporárias? Quais são os motores da história? A ciência social pode ser moralmente neutra? Qual é a relação entre ciência social e tecnologia social? (1)

Filosofia da Física. O exame filosófico das categorias físicas (tais como as da matéria, energia, espaço, tempo, causação e acaso); o das pressuposições filosóficas, como as de que existem coisas reais atrás das aparências; o dos princípios gerais, como os de que existem coisas básicas ou indecomponíveis; e o dos problemas gerais levantados pelo conhecimento experimental e teórico do mundo físico, tais como se a física quântica é aplicável a entidades microfísicas e perdoa o subjetivismo, e se a relatividade geral substitui os objetos materiais pelos geométricos - ou se todos eles são enxertos filosóficos. (1)

Filosofia da Matemática. É o estudo filosófico da pesquisa matemática e de seus produtos. Exemplos ou suas problemáticas: natureza dos objetos da matemática e verdade matemática; relação entre invenção e descoberta na pesquisa matemática; relações entre matemática pura e aplicada. Ha quatro filosofias fundamentais da matemática: platônica, nominalista, intuicionista e empirista. (1)

Filosofia de Escola. A filosofia de uma escola ou seita dogmática. A receita comprovada para fundar uma filosofia de escola é a seguinte: "Tome uma meia verdade (se for absolutamente necessário, tome até uma verdade plena) e a proclame como sendo a única verdade". Exemplos: A partir do fato de o conhecimento requerer experimento, conclua que toda experiência é o alfa e o ômega do conhecimento; a partir do fato de que o avanço do conhecimento envolve a crítica, conclua que a crítica é o motor do progresso científico; a partir do fato de a pesquisa ser socialmente condicionada, conclua que cada item do conhecimento possui um conteúdo social. Filosofias de escola são difíceis de morrer ou porque encerram um grão de verdade ou porque são alimentadas por movimentos sociais. (1)

Filosofia Perene. Expressão que designa uma concepção da filosofia situando-a acima das contingências humanas, das coerções sociais e das vicissitudes da história, posto que teria por objeto estudar as verdades intemporais da metafísica. Esta concepção se opõe à visão do filósofo engajado com seu tempo e reflexo de sua época. (1)

Filosofia Política. Um dos ramos da tecnologia filosófica. Uma filosofia política pode ser secularista ou teocrática, realista ou utópica, científica ou não científica, justa ou injusta, democrática ou autoritária, popular ou não popular. (1)

Filosofia Pop. Qualquer coletânea de questões mal colocadas, como "Qual é o significado da vida?", e máximas que são ou triviais (como "Há dois lados para toda questão") ou notoriamente falsas (como aquela segundo a qual "Tudo o que sobe tem de descer"). (1)

Filosofia positiva. Expressão usada por Comte para designar o modo de filosofar não metafísico ou científico, pretendendo fazer a síntese dos fenômenos observados e das leis da ciência positiva. (2)

Filosofia primeira. Em latim, philosophia prima. Expressão que traduz a fórmula aristotélica proté philosophia, encontrada na Metafísica (E,1). Consagrada pela escolástica medieval, considera a problemática do Ser e dos primeiros princípios como questão central da filosofia, da qual todas as demais dependem. Utilizada por vezes como sinônimo da própria metafísica.  (2)

Filosofia Probabilista. Emprego do cálculo de probabilidade para exemplificar conceitos filosóficos. Cerca de vinte conceitos filosóficos diferentes incluindo os de causação, verdade, simplicidade e significado, tem sido apresentados como definíveis em termos de probabilidade. (1)

Filosofia Social. O ramo da filosofia que lida com as várias doutrinas sobre a ordem social: seus traços gerais, seu fundamento epistêmico e sua justificação moral. Para ser relevante, uma filosofia social deve estar próxima da ciência social e da tecnologia social. (1)

(1) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

&&&

Filósofo. Termo cuja paternidade a tradição atribui a Pitágoras, que, por modéstia, teria renunciado a se dizer "sábio" para se contentar em ser "amigo da sabedoria". Foi insistindo no aspecto moral dessa "amizade" que o próprio Sócrates se declarava filósofo. 

Até o século XVIII, o termo era sinônimo de erudito no sentido muito geral. No século XVIII, particulariza-se para designar aquele que só reconhece a autoridade da razão. Porém no plural, "os filósofos" são o grupo de escritores (Voltaire, d'Alembert, Diderot etc.) adeptos das luzes e mais ou menos hostis às instituições religiosas (na Idade Média, a mesma expressão designava os alquimistas). 

Sentido não especializado: aquele que tem paciência com a vida, ou considera a vida pelo lado bom, ou que tem uma vaga ideia "pessoal" da existência. 

Mais tecnicamente, sinônimo de metafísico, na medida em que este busca as razões primeiras das coisas. 

Sentido técnico mais frequente: o que pratica a filosofia - e que escreve sobre ela a maior parte do tempo -, exercendo sua reflexão crítica sobre todos os problemas concebíveis. (1)

(1) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993