Homo Sapiens

Homo Sapiens. (do lat. homem sapiente, homem que sabe) - a) Antropologicamente: Weinert (aceitando a opinião de Schwalbe) considera o Neandertaliano como o homo primigenius, o mais primitivo dos homens. Assim como o Anthropus foi o homem do paleolítico médio, que corresponde ao último período interglacial.  O homo sapiens que surge no paleolítico recente corresponde à última fase glacial.

O desenvolvimento do homem, através dos tempos, até alcançar o de hoje, para a antropologia, uma decorrência do desenvolvimento da inteligência latente. Seria o atualizar-se das possibilidades do hominídeo em face dos fatores predisponentes, que lhe foram permitindo esta ou aquela emergência que, por sua vez, atuava sobre os próprios fatores predisponentes, pois entre estes é importantíssimo salientar, estão os históricos-sociais.

Sobre o advento do homem diz Weinert:

"A experiência instituída pela natureza consiste numa mudança de clima, determinada pelo início da época glacial, e que levou a modificações gerais do meio e das possibilidades alimentares. A humanidade não foi criada num paraíso, mas ela nasceu, porque um paraíso havia sido perdido. Se a antropogênese não foi o resultado dessa experiência, sem esta, sem dúvida, ela não se teria produzido; pois só o aguilhão da necessidade poderia determinar o evento. E não se julgue apenas o uso do fogo, considerado como uma reação elementar à ação do frio. A passagem do animal à humanidade foi, em seu conjunto, uma resposta às novas condições de vida, que não comportavam mais o dolce far niente na floresta equatorial, com sua profusão de recursos alimentares. A modelação de utensílios é também uma das consequências imediatas da mudança de clima. A pedra lascada foi agudizada para ajudar a cortar a madeira para ela queimar melhor, permitindo cortar os ramos, e parti-los, quando a mão, por si só, não o podia fazer... " E conclui: "Se a antropogênese foi um fato intelectual, foi também melhor, por consequência o efeito de uma gravação das condições climáticas no início da época glacial e de todas as consequências que precipitaram tal fenômeno. Sem época glacial não haveria homem... e graças à época glacial surgiu o homem".

O advento do homem se explicaria, portanto, por um grande ato de escolha, o mais importante de todos, em que o hominídeo, entre a possibilidade de seguir em busca de regiões quentes, como devem ter feito outros, já desaparecidos, como se julga, e a de permanecer, graças ao fogo e enfrentar os frios demorados, preferiu permanecer desenvolvendo assim possibilidades que estavam latentes, mas que aguardavam as condições predisponentes, que permitiram o advento do Homem.

Tais doutrinas, porém, são controversas, e a antropologia não deu sua última palavra.

b) Para os que admitem no homem um princípio espiritual, a expressão homo sapiens é redundante, pois o homem é propriamente o ser animal-racional; ou seja, assistido de uma mente capaz de realizar as operações intelectuais. E como estas são especificamente distintas das operações materiais, e como a ação segue-se ao agente, um princípio ativo criador, que realiza resultados que a matéria, por sua natureza, não pode realizar, salvo se se admitir que o menos pode produzir o mais, o que é um absurdo. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.