Ordem

Ordem. a) A ideia de ordem implica em seu logos quatro elementos essenciais: 1) a prioridade e a posterioridade; 2) distinção dos termos elementares; 3) origem; 4) o logos (razão). Na ordem há um início e um fim, pois para haver ordem deve haver um começo e uma meta. Implica multiplicidade de elementos, que mantém relação entre si, e segundo o logos dessa relação são eles dispostos. Ordem é, assim, a disposição de múltiplas coisas homogêneas ou não, fundada em certas relações, nas quais estão seriadas, segundo um logos. Podem os elementos ordenados pertencerem à mesma espécie ou a espécies diferentes e até várias; podem as relações serem aparentes ou constantes, simples ou complexas, mas há sempre uma razão a priori e uma a posteriori, uma origem, e distingue-se, por sua vez, do que não está nela incluído ou ao que ela não pertence, segundo a razão em que é visualizada. Assim o que é ordenado, segundo uma razão, pode ser desordenado segundo outra. Surge, por isso, no exame do tema da ordem, um tema metafísico, porque a desordem é apenas a visualização dos fatos não dispostos, segundo uma ordem, uma relação das partes com o todo. A ordem sempre diz respeito ao princípio, às origem de onde ela surge, que é a normal, em suma, que subordina afinal os seus elementos. No universo, a desordem de uma tempestade é relativa à razão da ordem por nós concebida, porque fisicamente é obediente a uma ordem. Desse modo há uma pergunta de caráter metafísico: não está no universo tudo ordenado? Mas ordenado segundo ordens que nem sempre captamos? A desordem é apenas relativa à ordem considerada. Todas as coisas estão ordenadas e desordenadas. Ordenadas segundo a disposição subordinada à normal dada por um princípio, e desordenadas se considerarmos segundo outro princípio ordenador. Desse modo pode-se falar em tantas ordens quantas são as relações de disposição e de subordinação que podemos conceber. Há ordem ontológica, cronológica, axiológica, lógica, espacial, psicológica, matemática, cósmica, jurídica, moral, ética, econômica, política, etc., e também nas subclasses em que se pode examinar e considerar todo o acontecer.

b) Ordem toma outras acepções análogas à que acabamos de examinar. Temos assim o termo empregado para significar o que perdura numa disposição, que é a mais genérica.

c) Mas especificamente temos a autoridade como emanadora de ordens, as classes como ordenadora dos indivíduos. Ordem, como dependência entre os seres ordenados, é a ordenação, que é a ação e o efeito de dispor, de arrumar, de arranjar as coisas subordinando-as a uma finalidade. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.