Ecletismo

Ecletismo. (do gr. ecclesia, reunião, assembleia, de onde igreja, no lat. ecclesia). Organização de um conjunto de traços doutrinários compatíveis entre si, extraídos de doutrinas diversas e até antagônicas em outros aspectos, a fim de formar um sistema Vide Sincrétismo e Crise.  

A crítica dos cépticos gregos havia determinado uma debilitação das doutrinas filosóficas, fundamentadas no dogmatismo. Nasceu por isso a necessidade de conciliar essa crítica, buscando um terreno comum, onde pudessem harmonizar-se. Com exceção da epicúrea, todas as escolas tendem para o ecletismo. A escola estoica, com Panécio e Possidônio, e a Acadêmica, com Filon e Antíoco, e muitas outras, todas buscavam esse ponto comum, que servisse de critério de unidade. Era um tendência a escolher o coincidente dos antigos filósofos, reuni-los numa concepção do mundo e da vida. Como escola filosófica, o ecletismo grego confunde-se muitas vezes com o sincretismo. Mas este título é dado à fusão das concepções do mundo greco-judaico-romano-oriental, que se processou nos últimos anos da era pré-cristã e nos primeiros séculos depois de Cristo.

Sobrevindo ao eleatismo, o ecletismo advém, não para responder a pergunta fundamental da filosofia grega (qual o ser de onde provém todas as coisas?), que havia interessado os jônicos, nem responder a pergunta eleática (que é o ser, em que consiste o ser?), mas no intuito de buscar uma conciliação entre a pluralidade e a verdadeira unidade do Ser, para conseguir, por meio de uniões e separações, explicar a aparência do devir. Para os ecléticos, o problema do devir permanece em pé, apesar da crítica eleática. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.