Eviternidade

Eviternidade. A eternidade é a transcendental duração (vide), que é essencialmente permanência absoluta do ser em si mesmo, portanto sem qualquer sucessão ou mutação intrínseca. E ontologicamente esse conceito expressa o conteúdo válido, porque o Ser Supremo, em si mesmo, permanece sempre sendo ele mesmo, sem qualquer sucessão ou mutação intrínseca. Mas há mais um aspecto que não se pode esquecer: é que esse modo de ser é transcendental em relação às coisas relativas que compõem o cosmos.

O tempo é duração sucessiva, mas é próprio do movimento local sucessivo; é medível, quando espacializado, e serve de medida da duração sucessiva. A duração é a permanência do ser em si mesmo. Todas as coisas que são, são uma, tem unidade. E se tem unidade, permanecem de certo modo em si mesmas; duram, portanto. O que existe opõe-se, formal e realmente ao nada, e dá-se fora de suas causas.

É da essência do Ser Supremo ser eterno sem princípio nem fim; contudo é o princípio e fim de todas as coisas. Essa a razão porque surge na simbólica das religiões como o Alfa e Omega. Por outro lado nenhum ser dependente pode ser eterno, porque tem princípio e fim; início, pelo menos, o que o torna apenas durável.

A matéria prima (como materialidade pura) é sempre ela mesma, apesar da heterogeneidade que apresenta, segundo a informação recebida. A duração da matéria prima, enquanto tal, não é sucessiva, mas essa permanência não é instantânea, mas constante. A essa duração, que não é instantânea, mas constante, chamavam os antigos de aevum (Eon). E o aevum da matéria prima é o aevum material. A matéria prima dura permanentemente em si mesma. Assim é a duração dos seres incorruptíveis. É a matéria incorruptível, porque não é composta de dois seres separáveis. Consequentemente, além do tempo, há a duração criada, que é ora sucessiva (tempo material), ora permanente (aevum), e a duração incriada, que é a eternidade. (1)

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.