Análise

Análise. Desligar, decompor um todo em suas partes. Divisão ou decomposição de um todo ou de um objeto em suas partes, seja materialmente  (análise química de um corpo), seja mentalmente (análise de conceitos). Opõe-se a síntese, ato de composição que consiste em unir em um todo diversos elementos dados separadamente. (1)

Análise. Quebra de um todo em seus componentes e suas mútuas relações. Ant. síntese. A análise pode ser conceitual, empírica, ou ambas. A análise conceitual distingue sem desmantelar, ao passo que a análise empírica consiste em separar os componentes de um todo concreto. Um prisma analisa a luz branca em ondas de diferentes frequências; a análise de Fourier faz o mesmo em termos conceituais. O pensamento crítico começa por analisar ideias e procedimentos, e culmina em síntese como classificações, teorias projetos experimentais e planos. A análise pode ter cada um dos seguintes resultados: dissolução de problemas mal concebidos; reformulação clara de problemas mal colocados... A análise é a marca da racionalidade conceitual. Em consequência, a família das filosofias pode ser dividida em analítica ou racionalista, e antianalítica ou irracionalista. (2) 

Análise. (do gr. analysis, de ana, para cima, e lysein, resolver, desfazer uma solução). a) Decomposição de um todo em suas partes, seja na ordem material (análise química), seja na ordem mental (análise de um conceito), pela definição. Segundo Taine, tanto nas ciências morais como nas ciências físicas, o progresso consiste no emprego da análise, e todo o esforço que ela tem de fazer é o de multiplicar os fatos, os dados elementares, que estão contidos implicitamente em um nome. A nossa tarefa é descobrir, sob os sinais, os fatos distintos. Para saber o que é uma "natureza", toma-se um animal, uma planta, um mineral e estudam-se-lhes as características.

b) Se concebemos a análise como uma redução a elementos primários, é evidente que ela toma aspectos bastante diferentes, conforme os objetos a que se aplica. As espécies de análise podem ser análogas, mas cada uma tem um caráter especial, determinado pela natureza do objeto que cabe decompor. Redução aos elementos primários significa, nas ciências naturais, redução aos fatos de observação empírica, no sentido da exposição de Taine.

c) Na lógica os elementos primários são a própria forma lógica, e a análise consiste em demonstrar a aplicação correta das leis do raciocínio de um material dado. Não se trata porém só de analisar um raciocínio sob o ponto de vista da lógica formal, mas a proposição tem que ser examinada quanto à sua veracidade, pela redução às premissas que figuram como os últimos elementos admitidos como verdadeiros.

Duhamel caracteriza assim este procedimento analítico: "Quando temos que achar a demonstração de uma proposição enunciada, procuramos primeiro se ela pode deduzir-se como consequência necessária de proposições admitidas. Neste caso ela também tem de ser admitida e, consequentemente, já está demonstrada. Se não sabemos de quais proposições conhecidas ela poderia ser deduzida, temos de procurar de que proposição não admitida ela podia deduzir-se e então a questão será reduzida a demonstrar a veracidade dessa última proposição. Se se pode deduzir esta de proposições admitidas, ela será reconhecida como verdadeira e, por consequência, também a anterior, senão procuraremos de que proposição ainda não admitida ela podia ser deduzida, toda questão seria provar a veracidade desta última. Assim se continuará até chegar a uma proposição reconhecida como verdadeira; e com isto estará provada a veracidade da proposição da qual partimos".

Este método, que se chama análise, consiste no estabelecimento de uma corrente de proposições, que começa com a que queremos demonstrar e termina numa já conhecida, e partindo da primeira que queremos demonstrar, cada uma será uma consequência necessária da seguinte; donde se segue que a primeira é uma consequência da última e portanto verdadeira como esta.

Em vista disso, cada método que implica em um exame discursivo, toma a denominação de análise, mesmo que se prenda simultaneamente à operação contrária de síntese.  Este sentido, que reúne decomposição e recomposição, acha-se em Condillac, quando diz que "o método analítico consiste em observar numa ordem sucessiva as qualidades de um objeto para logo atribuir-lhe, no espírito, a ordem de simultaneidade na qual existem... Promovemos essa composição e decomposição de conformidade com as relações que existem entre as coisas".

d) O emprego que Kant faz das palavras análise e analítico prende-se ao uso por Aristóteles, que distingue no Organon, sobre a lógica formal, uma analítica primária (teoria do raciocínio) e uma analítica secundária (teoria das provas). Essa análise lógica que é essencialmente decomposição dos conceitos se opõe diametralmente à síntese, como operação contrária. Kant, no propósito de aplicar as formas lógicas ao conhecimento da realidade, parte deste sentido da palavra quando procura as condições a priori da experiência na sua chamada analítica transcendental.

e) A análise psicológica consiste em uma introspecção para fins de análise, quer dizer, para reduzir estados psíquicos complexos aos elementos mais simples que a compõem. Este método, que tomou especial significação na psicanálise de Freud se opõe, em princípio, ao método meramente descritivo.

f) O método analítico na pedagogia consiste em uma decomposição dos conhecimentos já adquiridos, não aos últimos elementos constituintes, mas naquelas unidades de divisão e ideias, cuja presença atual no espírito dos alunos parece a melhor preparação para a assimilação de novos conhecimentos. (3)

(1) JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

(2) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.