Dogma / Dogmatismo

Dogma. Rigorosamente considerado, fora da Igreja Católica, o dogma não existe. Em filosofia, doutrina ou opinião filosófica transmitida de modo impositivo e sem contestação por uma escola ou corrente filosófica. Em religião, doutrina religiosa fundada numa verdade revelada e que exige o acatamento e a aceitação dos fiéis. No catolicismo, o dogma possui duas fontes: as Escrituras e a autoridade da Igreja. (1)

Dogma. Uma crença que é tida como inexpugnável ao argumento e à experiência. Exemplo: as assim chamadas verdades reveladas da religião. Diferença entre dogma e tautologia: as tautologias são passivas de prova. Diferença entre dogma e postulado: os postulados são passiveis de verificação por meio de suas consequências. Se estas forem falsas, os postulados que as implicam logicamente ficam refutados. (2)

Dogmatismo. Doutrina dos que pretendem basear seus postulados apenas na autoridade, sem admitir crítica nem discussão. (1)

Dogmatismo. 1. Toda doutrina ou toda atitude que professa a capacidade do homem atingir a certeza absoluta; filosoficamente, por oposição ao ceticismo, o dogmatismo é a atitude que consiste em admitir a possibilidade, para a razão humana, de chegar a verdades absolutamente certas e seguras. 2. No sentido vulgar, atitude que consiste em afirmar alguma coisa, de modo intransigente e contundente, sem provas nem fundamento. (3)

Dogmatismo. No sentido corrente: um pendor para os dogmas, uma incapacidade de duvidar daquilo em que acredita. É gostar mais da certeza do que da verdade, a ponto de dar por certo tudo o que se julga verdadeiro.

No sentido filosófico: toda doutrina que afirma a existência de conhecimentos certos. É o contrário de ceticismo. Os grandes filósofos, em sua maioria, são dogmáticos (o ceticismo é a exceção), e têm boas razões para tal, a começar pela própria razão. Quem pode duvidar da sua própria existência, da verdade de um teorema matemático (se compreende a sua demonstração). Cumpre notar, porém, que uma incapacidade de duvidar não prova nada. A certeza de que nada é certo seria tão duvidosa quanto as outras, ou antes, seria mais – já que se contradiz. (4)

Dogma. (do gr. opinião) - a) Empregado na filosofia, num sentido de opinião explicitamente formulada como verdadeira. Dogmáticos são aqueles que oferecem uma filosofia fundada em dogmas, ou que a apresentam dogmaticamente.

b) No cristianismo chamam-se dogmas as verdades reveladas, propostas pela suprema autoridade da Igreja, como artigos de fé, que devem ser aceitos por todos os seus membros.

c) Pejorativamente chamam-se de dogmas todas e quaisquer afirmações que apenas expressam opinião, sem os necessários fundamentos, mas que são proclamados como verdades indiscutíveis. (5)

Dogmatismo. (do gr. dogma, opinião) - a) Entre os gregos era a posição filosófica que se opunha ao cepticismo. Enquanto os defensores desta posição negavam a possibilidade do conhecimento, os dogmáticos afirmavam-na plenamente.

b) Kant emprega o termo em sentido pejorativo e o considera não apenas oposto ao cepticismo, mas também a crítica por ele estabelecida. Vide Criticismo.

c) Chama-se dogmatismo moral a concepção que explica e legitima a certeza pela ação.

d) Emprega-se em geral para indicar a afirmação de doutrinas que não admitem em si mesmas nada de imperfeito ou errado.

O dogmatismo moral opõe-se ao dogmatismo intelectual (vide). Aquele afirma que nossos conhecimentos espontâneos são a expressão dos nossos desejos, e que as nossas atitudes intelectuais, em suma, dependem dos interesses humanos. O dogmatismo intelectual afirma a independência do nosso conhecimento quanto aos nossos interesses. Vide Interesse.  

e) Dogmatismo negativo, nome que se dá geralmente ao cepticismo porque, ao afirmar a impossibilidade do conhecimento verdadeiro, faz uma afirmação dogmática, enquanto se chama de positivo o dogmatismo contrário. (5)

Dogmatismo Intelectual. Chamam-se assim genericamente as doutrinas que afirmam a capacidade de nossa mente, da nossa intelectualidade, para alcançar a verdade no problema crítico. Entre essas doutrinas temos: a teoria mista, fundada na evidência abstrata e na evidência sensitivo-intuitiva que, admitindo o problema crítico, afirma ainda mais que os princípios ideais são objetivamente certos, e que a intuição sensitiva e a demonstração fundam-se em termos reais. Outra é a do dinamismo intelectual que, também, admite o problema crítico, mas aceita certos postulados kantianos das condições a priori, não adquiridas, mas inatas, que é a tendência a afirmar. A teoria da intuição intelectual admite haver intuições intelectuais suficientes para dar soluções necessárias. (5)


(1) EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987.

(2) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(3) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(4) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(5) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.