Racionalismo

Racionalismo. 1. Doutrina que privilegia a razão dentre todas as faculdades humanas, considerando-a como fundamento de todo conhecimento possível. O racionalismo considera que o real é em última análise racional e que a razão é portanto capaz de conhecer o real e de chegar à verdade sobre a natureza das coisas. Segundo Hegel: "Aquilo que é racional é real, e o que é real é racional" (Filosofia do Direito, Prefácio). Oposto a ceticismo, misticismo. Ver empirismo. 

2. Racionalismo crítico: doutrina kantiana dos limites internos da razão em sua aplicação no conhecimento do real. 

3. Contrariamente ao empirismo (valorizando a experiência) e ao fideísmo (valorizando a revelação religiosa), o racionalismo designa doutrinas bastante variadas suscetíveis de submeter à razão todas as formas de conhecimento. Em seu sentido filosófico, ele tanto pode ser uma visão do mundo que afirma o perfeito acordo entre o racional e a realidade do universo quanto uma ética que afirma que as ações e as sociedades humanas são racionais em seu princípio, em sua conduta e em sua finalidade. 

4. O racionalismo muda de figura segundo se opõe a outras filosofias. Ele se opõe ao pensamento arcaico por seu estilo argumentativo e crítico. Opõe-se ao empirismo fazendo-se metódico, recorrendo à lógica e à matemática (p. ex., em Leibiniz). Opõe-se ao fideismo, fazendo-se sistemático; ao misticismo, fazendo-se positivo e crítico. Pode ainda limitar-se a um domínio ou aspecto da experiência humana: racionalismo moral, racionalismo religioso (Feuerbach), racionalismo político (Montesquieu) etc. (1)

Racionalismo. A razão e não a experiência é que serve de base para as certezas do conhecimento. (2)

Racionalismo. a) O método, ou melhor, a teoria filosófica, para a qual o critério seguro do conhecimento é o intelectualmente dedutivo e não o dado pela intuição sensível nem afetiva.

b) Em geral considera-se racionalismo a introdução dos métodos matemáticos na filosofia, mas aqui matemática é tomada no sentido vulgar. A base do racionalismo que vem de Descartes através de Spinoza e Hegel funda-se na verdade de irrecusáveis princípios a priori, que nos dão os meios claros e evidentes da verdade, já que os sentidos nos oferecem os fatos confusamente. Por essa concepção a experiência só é possível a um espírito possuidor de razão. O racionalismo põe toda a sua fé na razão e se opõe ao irracionalismo e às certezas de ordem afetivas. Chamam os teólogos de racionalistas aqueles que se apegam apenas à razão e só aceitam os dogmas que podem ser justificados racionalmente.

c) Para alguns é sinônimo até de irreligiosidade. Pode ser teológico ou filosófico. Teológico é o sistema que afirma não admitir a revelação nem mistérios, mas apenas as verdades adquiridas pela razão natural e que esta pode provar. Filosófico é o sistema dos que ensinam que todas as coisas devem ser demonstradas por dedução, partindo-se de algumas verdades prévias, nada devendo-se admitir sem demonstração. (3)


(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.