Mentira

Mentir. As discussões filosóficas sobre esse tema adotam um empego da palavra de acordo com o qual uma mentira é a afirmação deliberada de uma falsidade, com o objetivo de enganar ou iludir um público. Dizer um falsidade inadvertidamente, ou dizer uma falsidade sem saber que o público irá assim interpretar como verdadeiro algo que de fato não o é, ou proferir afirmações lisonjeiras quando o dolo está fora de questão, não constituem, portanto, casos de mentira. (1)

Mentira. Ato através do qual um emissor altera ou dissimula deliberadamente aquilo que ele reconhece como verdadeiro, tentando fazer com que o ouvinte aceite ou acredite ser verdadeiro algo que é sabidamente falso. Diferentemente do erro e do engano, a mentira supõe a intenção de dizer o falso, sendo por esse motivo moralmente condenável. 

Em sentido freudiano, a mentira constitui um mecanismo de defesa. diante de uma ameaça real ou possível. (2)  

Mentira. Mentir é dizer, com a intenção de enganar (e não por antífrase ou por ironia), o que se sabe ser falso. Toda mentira supõe um saber e, pelo menos, a ideia da verdade. O paradoxo do mentiroso mostra que a mentira só é possível a título de exceção: assim ela confirma a própria regra que viola e que a torna possível. (3)

Mentira. Aristóteles distingue duas espécies fundamentais de mentira: a jactância, que consiste em exagerar a verdade, e a ironia, que consiste em diminuí-la. Tomás de Aquino deu minuciosa classificação da mentira do ponto de vista moral teológica (S. Th., II, 2, q. 110). (4)

Mentiroso. Um dos argumentos que os antigos chamavam de ambíguos ou conversíveis, e os modernos chamam de antinomias ou paradoxos: consiste em afirmar que se está mentindo; assim, quando se diz a verdade, mente-se, e quando se mente, diz a verdade. A conclusão é impossível. (4)

(1) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

(2) JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

(3) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(4) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.