Real

Real. Na hodierna terminologia filosófica, o termo “real” designa, via de regra, o ente, o que existe em oposição tanto ao que é apenas aparente quanto ao que é puramente possível. Existe em si independentemente de nossa representação e de nosso pensamento. (1) 

Realidade. Do latim medieval realitas. 1. Tudo aquilo que existe, que é real. Conjunto de todas as coisas existentes. 

2. Característica ou qualidade daquilo que existe, ex.: a realidade do mundo exterior. Oposto a aparência. 

3. Quando certos filósofos realistas se perguntam sobre a realidade do mundo exterior, estão se perguntando se o mundo possui uma existência efetiva exterior a nosso pensamento ou se não passa de um conjunto de representações de nosso pensamento. Quer reconheçamos, quer não, ao mundo exterior uma realidade assim entendida, todos os filósofos estão de acordo em considerar os objetos do pensamento como realidades: a ideia de causa, de igualdade etc. É claro que os objetos matemáticos, p ex., não possuem existência fora do pensamento; não obstante, existe uma realidade do círculo, do ângulo, do númeno etc. Ver realismo, real. 

4. O princípio de realidade, enunciado por Freud, é aquele cuja ação modifica, no funcionamento do psiquismo, a ação do princípio do prazer, regulando a busca das satisfações em conformidade com as exigências do meio social. (2)

Na hodierna terminologia filosófica, o termo “real” designa, via de regra, o ente, o que existe em oposição tanto ao que é apenas aparente quanto ao que é puramente possível.

Realismo. 1. Em sentido genérico, a ideia de que, de um ponto de vista prático, deve-se reconhecer a existência dos fatos e agir em conformidade a estes. Ex.: encarar a situação com realismo. 

2. Concepção filosófica segundo a qual existe uma realidade exterior, determinada, autônoma, independente do conhecimento que se pode ter sobre ela. O conhecimento verdadeiro, na perspectiva realista, seria então a coincidência ou correspondência entre nossos juízos e essa realidade. As principais dificuldades relacionadas ao realismo dizem respeito precisamente à possibilidade de acesso a essa realidade autônoma e predeterminada e à justificação dessa correspondência entre mente e real. (2)

Realismo. Os universais ou conceitos abstratos têm existência objetiva ou absoluta. (2)

Realismo crítico. Existe uma verdade última, mas seu escopo é sempre limitado. (3)

Realismo. a. Ontológico e epistemológico — A concepção segundo a qual certos fatos não são subjetivos ou fenomenais e que alguns deles podem ser conhecidos — embora, sem dúvida, não por via da percepção, mas conceitualmente. Há duas espécies de realismo: o idealista e o científico. O realismo idealista (ou platônico) identifica a realidade com a totalidade das ideias e suas sombras. As primeiras, por hipótese, existem autonomamente, num reino próprio, enquanto as coisas concretas seriam suas sombras ou cópias. Assim, um tampo de mesa circular seria apenas uma cópia grosseira de um círculo geométrico perfeito e eterno. Por oposição, o realismo científico identifica a realidade com a coleção de todas as coisas concretas, isto é, coisas capazes de variar ou mudar em algum aspecto em relação às outras. De acordo com o realismo científico, as ideias, longe de serem existentes por si, são processos que ocorrem nos cérebros de alguns animais. Logo, a ideação pode ser estudada cientificamente, e as ideias podem exercer um impacto sobre o comportamento social quando inspiram ou guiam a ação. A escolha entre esses dois tipos de realismo depende da espécie de filosofia que queremos e do lugar onde pretendemos colocá-la. Se nos importamos apenas com a filosofia especulativa e, consequentemente, a colocarmos numa torre de marfim, deveríamos preferir o realismo idealista porque é internamente consistente e não demanda o menor esforço.  Mas se desejamos uma filosofia que seja de alguma utilidade na busca do entendimento do mundo real, deveríamos adotar (e enriquecer) o realismo científico, pois ele postula a existência autônoma do mundo externo, admite que nossa ignorância a seu respeito é enorme, e nos encoraja a explorá-lo mais, enriquecendo e aprofundando o fundo de verdades fatuais. Embora o conceito de verdade fatual seja central para o realismo científico, esta não envolve a assunção de que a verdade completa seja sempre obtenível. Exige apenas a procura da verdade, a eventual obtenção de verdades aproximadas e sua posterior corregibilidade. b. Moral — A concepção metaética de que há fatos morais e, correspondentemente, verdades e falsidades morais. Exemplos de fatos morais: assassinato e voluntarismo. Exemplos de verdades morais: "Assassinar é o pior pecado" e "O voluntarismo é bom". c. Legal — (4)

Realismo. a) É a posição doutrinária que afirma a realidade, que apresenta tantas espécies quantas são as colocações desta, do nexo das coisas reais, do que se conexiona e da afirmação do maior grau de realidade.

O platonismo é realista porque afirma que a maior realidade é a das formas (ou ideias). O mundo das formas é o mundo real, pois neste, no mundo do fenômeno, que conhecemos através dos sentidos, o grau de realidade de alguma coisa é dado pelo que ela é, pois uma coisa, que não é isto ou aquilo, é nada. Ora, o que dá realidade às coisas é a formalidade delas, ou seja a imitação que elas realizam das formas, que são eternas. A realidade deste vaso é dada pela sua forma, pois se não a tivesse não teria tal realidade.

b) Na Idade Média chamou-se realismo uma das posições sobre a polêmica dos universais.

c) É a doutrina que afirma a realidade do ser extra-mentis, fora da nossa mente e também das nossas percepções.

d) Também é a doutrina que afirmando o ser extra-mentis, afirma que nossa mente e seus esquemas são incapazes de exaurir toda a realidade do ser em esquemas noéticos.

e) Na matemática é a concepção que afirma que as formas e verdades matemáticas não são criação do sábio, mas descobertas por ele.

f) Também é considerado a maneira de conceber concretamente as coisas em oposição a abstratismo.

g) Nas arte é a tendência a copiar, tanto quanto possível, o que há de belo na natureza.

h) Doutrina que afirma que, pelo conhecimento, há uma intuição direta da realidade. (5)


(1) BRUGGER, W. Dicionário de Filosofia. 3. ed. São Paulo: EPU, 1977.

(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 

(3) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(4) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

(5) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.