Conceito

Conceito.  A simples apreensão, que é a primeira operação do espírito, é o ato pelo qual se capta, noeticamente, alguma coisa. E o que mente capta (de capio, ceptum, daí cum - ceptum) é o conteúdo do conceito, que é construído na mente e expresso pela mente. Assim quando mentamos casa, pedra, sapiente, realizamos atos de simples apreensão.

A cognição é tema de psicologia. Consiste genericamente no ato imanente, consciente e intencional da notícia de alguma coisa, que se jecta ante (ob-jecta), adquirida por similitude ou representação do objeto. Na cognição há, pois:

1) um ato, uma atuação, que consiste numa modificação de alguma capacidade subjetiva (intelectual), ação imanente, que permanece (permanere) no próprio sujeito;

2) é consciente, porque é notado pelo sujeito, como algo que é notado;

3) é intencional, porque o ato cognitivo tende in para o objeto, porque tende apontando o objeto;

4) por similitude, por semelhança, por uma representação do objeto; ou seja, por uma orientação esquemática que se assemelhe a ele, permanecendo sujeito, mas apontando-o, não fisicamente, mas intencionalmente, noeticamente, uma expressão viva do objeto, uma imitação esquemática do mesmo, uma representação, uma nova apresentação, uma semelhança, uma imagem (imago). Daí a definição de Tomás de Aquino: Omnis cognitio fit secundum similitudinem cogniti in cognoscente  "toda cognição se realiza segundo uma semelhança do conhecido no cognoscente";

5) o conhecido (cognitum) é construído pela mente e expresso nela, porque é uma imagem do objeto, construída com elementos mentais, mas permanecendo na mente. (1)

Conceito. A definição de conceito como apreensão ou representação intelectual e abstrata da quidade (essência) de um objeto. Pelo seu caráter representativo e abstrato, o conceito opõe-se à percepção ou intuição imediata; enquanto intelectual, distingue-se de toda a representação, meramente sensível. Por outro lado, limitando-se à simples apreensão de uma essência, sem nada afirmar ou negar, constitui a forma mais simples e elementar do pensamento. É frequente a identificação do conceito com ideia, empregando-se indiscriminadamente um termo pelo outro. No entanto, ideia possui originariamente o sentido mais determinado de forma exemplar, por vezes intuitiva, na mente do artista. Outras expressões condenadas sinônimas têm sido utilizadas, como: noção, intenção, verbo mental, espécie expressa, termo mental, mas todas elas se revelam mais ou menos inadequadas por acentuam de preferência um ou outro aspecto do conceito. 

Relativamente ao termo, o conceito é aquilo que confere sentido a um vocábulo ou conjunto de vocábulos. Chama-se compreensão do conceito ao conjunto de caracteres ou notas representativas nele expressas. Extensão do conceito é o maior ou menor número de objetos ou realidades a que o conceito se pode aplicar. Da comparação entre extensão e compreensão vale o princípio: quanto maior a compreensão, menor é a extensão, e inversamente. Ajuntando, por exemplo, à compreensão animal a nota doméstica, aumenta a compreensão, mas diminui, por isso mesmo, a extensão, pois é menor o número de animais domésticos do que o número de animais simplesmente. (2)

Esquema gráfico (3)

Conceitualismo. Existem conceitos abstratos, mas apenas na mente. (2) 

(1) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(3) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.