Ideologia

Ideologia. É toda a crença usada para o controle dos comportamentos coletivos, entendendo-se o termo crença, em seu significado mais amplo, como noção de compromisso da conduta, que pode ou não ter validade objetiva... O que transforma uma crença em ideologia não é a sua validade ou falta de validade, mas unicamente sua capacidade de controlar os comportamentos em determinada situação. (1)

Ideologia. 1. Termo que se origina dos filósofos franceses do final do século XVIII, conhecidos como "ideólogos", para os quais significava o estudo da origem e da formação das ideias. Posteriormente, em um sentido mais amplo, passou a significar um conjunto de ideias, princípios e valores que refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma prática política. Ex.: ideologia fascista, ideologia de esquerda, a ideologia dos românticos etc. 

2. Marx e Engels utilizam o termo em A Ideologia Alemã (1845/1846), em um sentido crítico, para designar a concepção idealista de certos filósofos hegelianos (Feuerbach, Bauer, Stirner) que restringem sua análise ao plano das ideias, sem portanto atingir a base material de onde elas se originam, ou seja, as relações sociais e a estrutura econômica da sociedade.

3. O termo "ideologia" é amplamente utilizado, sobretudo por influência do pensamento de Marx, na filosofia e nas ciências humanas e sociais em geral, significando o processo de racionalização  - um autêntico mecanismo de defesa - dos interesses de uma classe ou grupo dominante. Tem por objetivo justificar o domínio exercido e manter coesa a sociedade, apresentando o real como homogêneo, a sociedade como indivisa, permitindo com isso evitar os conflitos e exercer a dominação. (2)

Ideologia. Sistema de ideias e ideais; conotações negativas na teoria marxista, em que a ideologia dominante é determinada por classes dirigentes. (3)

Ideologia. Um sistema de declarações fatuais e juízos de valor que inspira algum movimento social ou alguma política social. Uma ideologia pode ser religiosa ou secular; e pode ser compreensiva, como o tomismo e o socialismo. A ideia admitida é que todos os enunciados ideológicos são falsos e servem de instrumento a algum grupo especialmente interessado, portanto estão desprovidos de futuro numa sociedade tecnológica. Entretanto, é difícil imaginar como qualquer ação em defesa do bem público possa ser impelida sem alguma ideologia. Tampouco é difícil imaginar uma ideologia científica, isto é, uma em que as proposições fatuais sejam juízos de valor cientificamente justificados. Exemplos de proposições ao mesmo tempo científicas e ideológicas: "A pobreza é individualmente degradante e socialmente desestabilizante e, por esta razão, deveria ser erradicada, e "A livre pesquisa é necessária para o avanço da cultura e o aperfeiçoamento do bem-estar, portanto deveria ser protegida e promovida". (4) 

Ideologia. a) Para os escolásticos a parte da psicologia que estuda a formação das ideações.

b) Nome dado por Destutt de Tracy para a análise das ideias gerais, que ele julgava serem emanadas das sensações.

c) Atualmente é empregado para indicar as ideias gerais de um programa filosófico ou social, sendo que neste último caso o pensamento ideológico funda-se ou pretende fundar-se sobre os dados reais dos fatos sociais, especialmente dos econômicos, os quais determinam e dão o vetor do seu pensamento social ou econômico.

d) Para os marxistas, o termo ideologia significa todo sistema filosófico, religioso, ético, etc., considerado como espiritual, mas que na realidade é mera função de um processo ou estado puramente material, sobretudo econômico. (5)


(1) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(3) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(4) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang) 

(5) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.