Potência

Potência. A noção comporta diversas acepções correntes e é com frequência sinônimo, de acordo com o contexto, de faculdade, de possibilidade, poder ou de força. 

Em metafísica, em Aristóteles, a potência opõe-se ao ato e designa o ser em devir ou no estado virtual: potência ativa do ser que se desenvolve como o vivo, por exemplo, que passa da infância à idade adulta; potência passiva que designa a possibilidade - entre outras - que se oferece ao devir de um ser (por exemplo, a de um bloco de mármore se tornar determinada estátua). Ademais a noção significa força ativa, causalidade eficaz, poder de agir. (1)

Potência (Poder). a) Substancialmente falando é sinônimo de poder (vide) em todos os sentidos deste termo. Tem potência (poder) o que pode ativamente.

b) Como poder, em sentido passivo, equivale à potência passiva e opõe-se a ato.

c) Sentido de virtualidade, isto é, a potência ainda não atualizada num determinado sentido como a potência da força elétrica de uma queda d'água. A virtualidade indica sempre uma latência, algo já em ato sob uma determinada forma, mas atualizável sobre outra forma. Este sentido confunde-se às vezes com a potência ativa, mas convém distinguir, pois esta é o poder fazer determinadamente, e a virtualidade é a potência (ativa ou passiva) já em ato, sob uma determinada forma, mas que pode ser assumida por outra forma; ou seja, que é especificamente diferente do que pode ser. É, sem suma, o ato que pode atualizar-se de outro modo.

d) Caráter do que pode. Ter potência.

Há uma extensa problemática do conceito de potência na filosofia. Ela não é um princípio agente. O que está em potência reduz-se ao ato, por algo que já o está. Potência e ato são as primeiras diferenças do ser. O que está em potência é algo que também está em ato, não sob o mesmo aspecto e naturalmente se move por outro que está em ato. Vide Ato. (2)

(1) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993. 

(2) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.