Retórica

Retórica. Arte de persuadir (v.persuasão) com o uso de instrumentos linguísticos.  

O objetivo da retórica é "persuadir por meio de discursos ou juízes nos tribunais, os conselheiros no conselho, os membros da assembleia na  assembleia e em qualquer outra reunião pública" (Górg., 452e); Portanto, o retórico é hábil "em falar contra todos e sobre qualquer assunto, de tal modo que, para a maioria das pessoas, consegue ser mais persuasivo que  qualquer outro com respeito ao que quiser". (Ibid, 457a)

Platão opôs a ela a retórica pedagógica ou educativa,  que seria "a arte de guiar a alma por meio de raciocínios, não somente nos tribunais  e nas assembleias populares, mas também nas conversações particulares" (Fedro, 26 1a); no entanto, a retórica assim entendida identifica-se com  a filosofia. Portanto, Platão não atribuiu à retórica uma função específica. Isso, na verdade, foi feito por Aristóteles, que a considerou em íntima relação com a dialética, como se fosse a contrapartida desta (Ret. I, 1354 a.1). Segundo Aristóteles, a retórica é "a faculdade de considerar, em qualquer caso, os meios de persuasão disponíveis" (Ibid, I,2, 1355b 26). (1)

Retórica. Em vez de dar motivos e apresentar argumentos em apoio a conclusões, quem usa retórica emprega uma bateria de técnicas, como alegação enfática, palavras de convencimento e persuasão e linguagem emotiva, para convencer o ouvinte ou leitor de que o que eles dizem ou sugerem é verdade.  Uma técnica retórica preferida por obras de caridade anunciadas em jornais é montar uma falsa dicotomia: “Você pode mandar 50 libras para nossa obra de caridade ou pode ignorar o sofrimento dos outros. “ Este tipo de dicotomia sugere que há apenas duas opções dentre as quais escolher, e uma delas é pouco atraente; assim, você deveria se convencer a dar dinheiro para caridade.(2)

Retórica. A arte ou técnica da persuasão sem levar em conta a verdade. Muito apreciada pelos especialistas em marketing e acadêmicos pós-modernos que escrevem sobre o "giro retórico". (3)

(1) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(2) WARBURTON, Nigel. Pensamento Crítico de A a Z: Uma Introdução Filosófica. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

(3) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)