Ilusão

Ilusão. Do latim illudere (ludere, "jogar" + in, "sobre"), enganar, troçar, escarnecer. Usa-se geralmente o termo "ilusão" para significar um erro ou engano resultante da percepção, levando-nos a tomar uma coisa por outra. Interpretação errônea dos dados sensoriais. (1)

Ilusão. Ilusão não é a mesma coisa que um erro. É uma representação prisioneira do seu ponto de vista e que resiste até ao conhecimento da própria falsidade: mesmo sabendo que a Terra gira em torno do Sol, vejo o Sol mover-se do leste para o oeste... Se o erro nada mais é do que uma privação do conhecimento, a ilusão seria antes um excesso de crença, de imaginação ou de subjetividade.(2)

Ilusão. Do latim illudere, brincar, zombar de. A ilusão é um embuste que parece divertir-se com nossos sentidos, com nosso espírito. Próximo ao erro - na medida em que faz intervir igualmente um juízo errôneo - dele, distingue-se pela presença do desejo que a torna em geral rebelde a qualquer refutação racional. A reflexão filosófica dedica-se a explicar a "raiz indestrutível" da ilusão. É desse modo que Spinoza tenta demonstrar que a ilusão da finalidade é a fonte de todos os outros. Kant, por sua vez, denuncia a ilusão transcendental que nos incita a empregar a razão de forma ilegítima tentando conhecer as coisas em si. Há contudo ilusões vitais. Bérgson, por exemplo, fala da "função fabuladora" com, sobretudo, a religião primitiva que garante a coesão social fazendo um contrapeso à inteligência. (3)

Ilusão. A. Todo erro, quer de percepção, quer de juízo ou de raciocínio, contanto que possa ser considerado como natural, na medida em que aquele que o comete se enganou por sua aparência, no sentido B desta palavra.

B. Especialmente (oposta a alucinação): falsa apresentação proveniente não dos próprios dados da sensação, mas da maneira pela qual se faz a interpretação perceptiva desta. Ex.: Perceber como quebrada uma vara meio mergulhada na água; tomar um inseto que voa próximo dos nossos olhos por uma grande ave distante, etc. (4)

Kant definiu a ilusão como "o jogo que persiste mesmo quando se sabe que o objeto pressuposto não é real" (Antr., § 13)

Figura Ilustrativa (3)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

(3) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.

(4) LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.