Absurdo

Absurdo. Do latim absurdus, discordante, incongruente. Aquilo que viola as leis da lógica por ser totalmente contraditório. É distinto de falso, que pode não ser contraditório. Ex.: a existência do movimento perpétuo. A demonstração por absurdo é aquela que demonstra uma proposição tentando provar que sua contraditória conduz a uma consequência manifestante falsa; ora, de duas proposições contraditórias, se uma é verdadeira, a outra será necessariamente falsa, e vice-versa. Ver Zenão de Eleia. (1)

Absurdo. a) Adjetivo para designar um pensamento que contradiz as leis formais da lógica. Uma ideia absurda, portanto, é uma ideia cujos elementos são incompatíveis uns com os outros. Um juízo absurdo é o que implica uma inconsequência.

b) Um raciocínio absurdo é um silogismo formalmente falso. Neste sentido restrito da palavra, tudo o que é "contraditório", é também considerado absurdo pela lógica formal. E tudo o que é absurdo, também é falso. Mas nem tudo o que é falso é absurdo, porque uma proposição, sendo absurda, ainda não carece completamente de sentido, porquanto a sua falsidade consiste, principalmente, no elemento formal. Por isso "falso" tem um sentido mais geral do que absurdo, encerrando também o contrassenso.

c) Em filosofia é absurdo o que é contra a razão; não obstante, no uso comum, também se chama absurdo o que é contrário às verdades contingentes (por ex.: o sol nasce às 3 horas; o que pode ser errado, mas nunca absurdo, no sentido filosófico). Não se deve, no entanto, empregar esta expressão para qualificar o que é contraditado pela experiência, porque esta não compreende senão as leis e os fatos que conhecemos, e que, embora não existam, podem ser julgados possíveis. Nas ciências, que se apoiam unicamente em raciocínios e definições, como a geometria, não há meio termo entre o absurdo e o verdadeiro. Nas outras, o hipotético e o falso servem de intermediários entre os dois extremos.

d) Na linguagem familiar diz-se de tudo quanto é desarrazoável, tanto quanto às ideias como às pessoas.

"Redução ao absurdo" é a operação pela qual se demonstra que uma proposição dada é falsa, ao deduzir dela quer uma proposição já conhecida por falsa, quer uma contrária àquela de onde ela procede.

"Raciocínio por absurdo" chama-se ao que prova a falsidade de uma proposição pela demonstração evidente da falsidade de uma das suas consequências, ou que prova a veracidade de uma proposição pela demonstração da falsidade de uma consequência que se tira do contrário da dita proposição. (Por ex.: toda água corre monte abaixo; o que é verdade, porque, do contrário, se a água corresse monte acima, poder-se-ia tirar a consequência de que toda água devia ter-se acumulado no alto dos montes, o que evidentemente não se dá, pois é absurdo no sentido menos estrito. Assim se conduz ao absurdo o contrário da proposição original e, desta forma, demonstra-se a veracidade da última). (2)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.