Taoísmo

Taoísmo. Doutrina de Lao-Tsé (que viveu na China provavelmente no séc. VI a.C.), a quem se atribui o Tao Te Ching, isto é, o Livro do Conhecimento e da Virtude. Em oposição ao caráter racionalista, terreno e prático do ensinamento de Confúcio, está o caráter místico, religioso e contemplativo do ensinamento de Lao-Tsé. Nele encontramos vestígios do panteísmo metafísico dos Upanishad. Os dois aspectos principais do Taoísmo são: movimento panteísta, segundo o qual o tao, que é o caminho para a salvação, é também o princípio único do universo (todas as outras coisas suas são manifestação); a ética do não fazer, ou seja, entrega à ação imanente do princípio cósmico, é a renúncia a interferir nele ou a obstá-lo. (1) 

Taoísmo. Embora o Tao-te king proclame incessantemente a supremacia do nada sobre o ser, do vazio sobre o pleno, isso não deve ser entendido no termo simplista de uma negação da vida. Ao contrário, o objetivo ultimo do taoísmo é a obtenção da imortalidade. Esse objetivo insere-se numa teoria complexa da economia do corpo cósmico. O ser humano é a imagem do universo, animado por um sopro primordial dividido em yin e yang, feminino e masculino, Terra e Céu. O fenômeno da vida identifica-se com esse sopro oculto por trás de suas manifestações. Há numerosos procedimentos para alimentar o princípio vital: ginástica, técnicas respiratórias e sexuais, absorção de drogas, alquimia interior etc. a meditação é parte integrante do taoísmo e anterior ao budismo. O objetivo da alquimia taoísta é a fabricação do elixir da imortalidade.(2)

Taoísmo. O termo tao costuma ser traduzido por caminho, no entanto, na filosofia taoísta representa o significado último do seu pensamento e, por isso, não pode ser nomeado. É um processo de transformação da natureza (fan), a sobrevivência dos seres em constante movimento, no qual, chegados ao limite, se transformam no seu contrário, completando um movimento de saída e retorno (fu). Trata-se também da superação do yin e do yang, a dualidade primordial do Universo, das cinco fases (madeira, fogo, terra, metal e água) que estrutura a variedade dos elementos da natureza. É, ainda, a origem de todas as coisas, anterior à matéria primordial (yuan qi) e, tratando-se da última origem dos seres e do ser, (you), é definido como o não ser (wu). Além de qualquer conceptualização, o tao não é nem material, nem espiritual, não se pode identificar com o ser ou com o não ser, pois o tao, que não é nada, é o nada que é tudo. Significa a superação do dualismo, a unidade primordial. (3)

(1) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(2) ELIADE, M. e COULIANO, I. P. Dicionário das Religiões. Trad. de Ivone Castilho Benedetti. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

(3) ENCICLOPÉDIA BARSA UNIVERSAL.