Falácia

Falácia. Qualquer erro de raciocínio. Um raciocínio pode falhar de muitas maneiras, e uma grande variedade de falácias foram identificadas e nomeadas. A divisão principal é entre falácias formais, nas quais algo pretende ser um raciocínio dedutivamente válido quando não o é, e as falácias informais, nas quais se comete um outro erro qualquer. Tais erros podem incluir a introdução de irrelevâncias, a incapacidade de distinguir termos, a falta de clareza, a precisão mal colocada etc. (1)

Falácia das Várias Perguntas. Falácia dos advogados que consiste em inferir que uma pessoa é culpada se não se conseguir dar uma resposta claramente afirmativa ou negativa, quando, na verdade, a pergunta não permite tal tipo de resposta. O exemplo clássico é “Já parou de bater na sua mulher?”, perante a qual uma pessoa inocente não pode dar uma resposta com uma só palavra (sim ou não). Esta pergunta esconde na verdade duas outras (Alguma vez bateu na sua mulher? Bate hoje em dia na sua mulher?), e a inocência implica responder não a ambas. Infelizmente, uma vez que, em geral, falamos de parar de fazer coisas que fizemos antes, responder apenas “não” à primeira pergunta arrasta uma forte implicatura, segundo a qual a pessoa costumava bater na sua mulher, não tendo agora parado de o fazer. Por isso, a pessoa não deseja dizer (apenas) que não, mas também não dizer “sim”. (1)

Falácia. É um defeito de raciocínio, um caso de non sequitur. Em geral, esse defeito passa despercebido, criando assim a ilusão de se estar na presença de um raciocínio correto. Essa ilusão pode ser partilhada, ou não, por quem propõe o raciocínio e por aqueles a quem ele se destina. As falácias podem afetar quer os raciocínios dedutivos, quer os indutivos. 

O Que é uma Falácia. A noção de falácia é híbrida e tem aspectos lógicos e aspectos psicológicos (ou sociológicos). As noções híbridas deste tipo estão longe de ser pérolas conceptuais, mas revelam-se por vezes úteis para fins pedagógicos e práticos . Não existe uma teoria geral das falácias, nem uma classificação das falácias que seja consensualmente aceita. 

No entanto, há bons "indicadores" do que não é uma falácia. Uma falácia não pode ser identificada simplesmente com um raciocínio a partir de premissas falsas, visto que raciocínios deste tipo podem ser, se dedutivos, válidos, ou, se indutivos, fortes; e em qualquer dos casos não serão falaciosos (ver argumento). (2)

Falácia. Sinônimo de sofisma  que toma várias qualificações como: fallacia accidentis, que consiste em tomar como da essência o que é apenas acidental; fallacia secundum quid, quando se toma, na conclusão, um termo em modo absoluto, enquanto numa premissa é tomado apenas relativamente: fallacia compositionis e fallacia divisionis, que consistem em confundir a afirmação que se faz sobre um termo composto, tomado coletivamente, com o que se refere a elementos desse mesmo termo, tomados separadamente, e vice-versa. Vide Sofisma e Silogismo. (3)


(1) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

(2) BRANQUINHO, João, MURCHO, Desidério e GOMES, Nelson Gonçalves. Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

(3) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.