Eternidade (do lat. oeternitate-) s. f. 1. Subtração ao tempo ou à noção de tempo. 2. Ausência de início e fim. 3. Vida eterna. 4. FILOS. E REL. Que dura para sempre e que não tem princípio nem fim. Totalmente co-presente a si mesmo e definível apenas de forma aproximada, com a ajuda de analogias baseadas no conceito de tempo. 5. Fig. Duração ou tempo muito longo; grande demora. (1)
Eternidade. Define-se naturalmente a eternidade como a duração indefinida, um tempo linear ou às vezes cíclico (Eterno Retorno) sem começo nem fim. Ora, essa definição que se refere à "sempiternidade" do Universo, opõe-se àquela, mais filosófica, que assimila a eternidade à intemporalidade, ao que é subtraído do devir. Nesse sentido, Platão diz que o tempo não passa da "imagem móvel da eternidade imóvel" (Timeu).
Não existe experiência humana diante da eternidade, embora o sábio spinozista pretenda nele experimentá-lo pela razão. A fenomenologia contemporânea tenta reencontrar a imagem da eternidade pelo tempo vivido num "eterno presente" (Lavelle) cujas três modalidades para a consciência seriam o "presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro". O estruturalismo, por sua vez, aborda a eternidade à sua maneira privilegiando a sincronia ao invés da diacronia. (2)
Eternidade. a. Teologia - Intemporal, fora do tempo. b. Ciência e ontologia - Duração indefinida. Um dos velhos problemas da cosmologia é averiguar se o universo é eterno ou teve um começo e terá um fim. A física moderna, da qual a cosmologia é apenas um capítulo, aponta para a eternidade do universo, se não por outro motivo, ao menos por causa das muitas leis de conservação. (3)
Eternidade. O vocábulo 'eternidade' costuma ser entendido em dois sentidos: em um sentido comum, segundo o qual significa o tempo infinito, ou duração infinita, e em um sentido mais usual entre muitos filósofos, de acordo com o qual significa algo que não pode ser medido pelo tempo, pois o transcende. Os gregos, filósofos ou não, frequentemente entenderam 'eternidade' no primeiro sentido. Isso ocorria quando eles davam ao termo (em grego) o significado daquilo que dura ao longo de todo o tempo, do que perdura. (Em grego), ou daquilo que é desde sempre, ou do que foi até agora sem interrupção. Esse sentido encontra-se especialmente vivo nas doutrinas dos filósofos pré-socráticos quando falam que a realidade primordial é eterna (isto é, sempiterna), ou quando mantém a teoria do eterno retorno. Encontramos esse sentido em algumas passagens do próprio Platão, como no Fédon (103 E), onde ele se refere à duração eterna ou por todo o tempo, (em grego), que pertence às formas (outra passagem de tipo análogo em Rep. X, 608 D). Em Aristóteles, se encontra o sentido de 'eternidade' como duração infinita em suas afirmações acerca da eternidade do movimento circular (Phys, VIII 8, 263 a 3)
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Assim que se procedeu à análise da relação entre a eternidade e o tempo descobriu-se que não era fácil medir aquela por meio deste.
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Com efeito, o que é imóvel não pode ser nem mais jovem, nem mais velho. Da eternidade se diz que é sempre, mas é preciso destacar mais o 'é' que o 'sempre'. Por esse motivo não se pode dizer que a eternidade é uma projeção do tempo no infinito. Antes cabe dizer que o tempo é a imagem movente da eternidade, isto é, uma imagem duradoura do eterno que se move de acordo com o número.
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Segundo Santo Agostinho, a eternidade não pode ser medida pelo tempo, mas também não é simplesmente o intemporal: "A eternidade não tem em si nada que passa; nela tudo está presente, o que não ocorre com o tempo, que jamais pode estar verdadeiramente presente". Por isso a eternidade pertence a Deus. (4)
(1) Enciclopédia Barsa Universal
(2) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
(3) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)
(4) MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.